Divórcio
Na sociedade actual, as relações tendem a mudar rapidamente, um reflexo disso tem sido o número crescente de divórcios em Portugal. Segundo o INE, em 2012, o divórcio rondava os 74%.
Divórcio – será um fim ou um recomeço?
Na sociedade actual, as relações tendem a mudar rapidamente, um reflexo disso tem sido o número crescente de divórcios em Portugal. Segundo o INE, em 2012, a percentagem de divórcios rondava os 74%.
Em termos terapêuticos, temos que separar Paternidade de Conjugalidade. A primeira está infimamente relacionada com a capacidade de educarem os filhos numa processo infinito e nutrido ao longo da vida. A Conjugalidade está relacionada com o casal enquanto relação entre ambas. A Paternidade é avaliada segundo a capacidade e entrega dos pais à sua missão de educar um filho.
Neste contexto social, em que o conceito de família tem vindo a mudar, o divórcio é um acontecimento perturbador, tanto para pais, como para filhos, aumentando a probabilidade de mal-estar psicológico e de sintomatologia, em ambos.
As dificuldades que as crianças poderão sentir, são variáveis, sendo os efeitos mais nefastos observados nos casos de intenso conflito parental e em que o lugar da criança não fica devidamente assegurado ou protegido. Quando as crianças são envolvidas nos conflitos parentais, as relações entre ambos degradam-se. Práticas e rotinas conflituosas entre os pais traduzem-se, na maioria das vezes, em disciplina permissiva e inconsistente, presença de agressividade, menor responsabilidade e menor disponibilidade emocional.
A separação é um factor desorganizador das práticas parentais, do sentimento de segurança familiar, que associado a factores de vulnerabilidade biológica, interpessoal ou social poderão contribuir para problemas na criança.
A sintomatologia mais comum nas crianças prende-se com queixas psicossomáticas, problemas de sono, de comportamento, de alimentação, estados ansiosos ou até mesmo depressivos e quebra no rendimento académico. Mas existem outras condicionantes que podem aumentar o desajustamento da criança à situação de divórcio dos pais, nomeadamente:
• Características da criança – um temperamento infantil pautado pela inteligência, responsabilidade e calma consegue mais facilmente adaptar-se a uma situação de divórcio. Da mesma forma, um nível desenvolvimental consistente permite uma melhor compreensão da situação, logo uma melhor adaptação à mesma;
• Problemas financeiros – têm um impacto directo e indirecto sobre a criança, uma vez que menos recursos económicos significarão diminuição da qualidade de vida e de oportunidades;
• Presença de psicopatologia nos pais – o bem-estar parental permite um bom ajustamento infantil à situação de divórcio, porque não há diminuição da qualidade dos cuidados (principalmente emocionais) ao filho;
• Práticas parentais – um estilo parental democrático facilita um bom ajustamento infantil, bem como uma partilha da responsabilidade pela educação do filho;
A maioria dos estudos aponta que a magnitude e a duração dos problemas são originados, não diretamente pela mudança na estrutura familiar, mas pelos conflitos, pelo modo como os pais se ajustam ao divórcio, pela presença de sintomatologia psicopatológica, que interfere nas suas competências parentais.
Todavia, tudo isto não significa obrigatoriamente uma desadaptação desenvolvimental da criança porque segundo alguns estudos (como Kelly & Emery, 2003 ou Lansford, 2009), existem circunstâncias individuais e factores de protecção que é preciso ter em conta. Nos casos de divórcio em que existe um esforço para diminuir os conflitos, para manter a qualidade e a coerência das práticas parentais, pode haver uma diminuição do impacto da separação, protegendo-se assim o desenvolvimento infantil.
Por outro lado, a investigação mostra outro lado do processo de divórcio, que é o potencial de enriquecimento que essa transição pode trazer. Apesar do risco que a separação parental acarreta, também pode ser uma oportunidade de transição, de mudança. O desenvolvimento humano é pleno de plasticidade que, face a situações de stress, potencia a sua capacidade de adaptação e de resiliência, atingindo o equilíbrio e um bom re-ajustamento, após essa situação potencialmente danosa.
O casal em processo de divórcio precisa de se lembrar que, acima de tudo continuam a ser pais! E portanto existem alguns pontos aos quais é preciso ter atenção e não esquecer:
• o filho tem que continuar a ocupar um espaço e um tempo, na vida de ambos os progenitores;
• o filho precisa de passar tempo de qualidade com pai e mãe e, para tal, a cooperação entre ambos é necessária;
• o filho tem direito a comunicar com ambos os pais;
• o filho tem que ser preservado de comentários, discussões, opiniões, pressões de um progenitor, relativamente ao outro.
Em suma, uma situação de divórcio pode tornar-se numa situação verdadeiramente crítica, mas a forma como os pais gerem esta ruptura pode deixar sequelas mais ou menos profundas numa criança ou jovem. O divórcio implica não só a separação do casal, mas também a separação entre a relação conjugal e a relação parental.
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