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Dispraxia

A dispraxia, comummente conhecida como a “síndrome do desastrado”, é uma disfunção motora neurológica que impede o cérebro de desempenhar os movimentos corretamente.

• O que é?
A dispraxia consiste na incapacidade de planear, organizar e executar uma sequência de ações, novas ou desconhecidas, que envolvem a capacidade de coordenação. Nas crianças dispráxicas os neurónios motores podem não estar amadurecidos e, quando esses mesmos neurónios enviam a informação ao cérebro que vai permitir a posterior passagem de informação para as diferentes partes do corpo, a ação motora obtida poderá não ser a esperada (a nível da movimentação dos músculos). As crianças poderão também ter dificuldades a nível do planeamento motor (idealizar e/ou planear e/ou executar a ação). Não implica a presença de défices cognitivos no entanto a capacidade de aprendizagem da criança poderá ser afetada.

Existem os seguintes tipos de dispraxia:
– motora- carateriza-se pelas dificuldades no esquema corporal e atraso na organização motora; poderá estar associada à lentidão, imprecisão e dificuldades do planeamento e execução dos movimentos;
– espacial- carateriza-se por uma desorganização do esquema corporal e da relação da criança com o espaço;
– postural- carateriza-se pelas dificuldades na postura, que se refletem em movimentos pouco ritmados e sem fluidez;
– verbal- carateriza-se por ser uma perturbação do desenvolvimento da linguagem.

• Caraterização da população
A dispraxia pode afetar as crianças de formas e em graus diferentes: desde problemas leves na coordenação, a dificuldades mais complexas e severas. Não existe uma etiologia conhecida. A sua origem poderá ser adquirida (pós acidente vascular cerebral ou traumatismo craniano) ou derivada de um atraso ou dificuldade no desenvolvimento neurológico.
Não existe cura para a dispraxia no entanto quanto mais precoce for realizado o diagnóstico e iniciada a intervenção, maiores serão os progressos adquiridos.

• Sintomas
As queixas mais frequentes sobre estas crianças é que são crianças muito desastradas. Por vezes também existem queixas que são crianças “preguiçosas” uma vez que determinadas ações como falar, assumir a posição de sentada, gatinhar ou andar poderão ser adquiridas mais tarde. Ao longo do crescimento da criança, as dificuldades começam a ser mais visíveis.
A criança dispráxica poderá apresentar dificuldade no desempenho das seguintes atividades:
– motoras globais: andar, pular, correr, dificuldades no equilíbrio, entre outras;
– motoras finas: desenhar, pintar, escrever, realizar jogos de encaixe, utilizar corretamente a tesoura, entre outras;
– atividades da vida diária: usar os talheres, atar os sapatos, pentear-se, lavar os dentes, entre outras;
Poderão também apresentar dificuldades ao nível da fala, na manutenção da atenção e concentração e no estabelecimento da relação e socialização com o grupo de pares. Algumas crianças poderão ter problemas comportamentais, pelo facto de estarem constantemente a ser rotuladas.

• Avaliação
A avaliação poderá ser realizada por um pediatra e/ou pelos seguintes técnicos: terapeuta ocupacional, psicólogo, fisioterapeuta e terapeuta da fala.

• Intervenção
A intervenção em casos de dispraxia poderá envolver vários profissionais de saúde, cujo objetivo será auxiliar a criança a progredir a nível motor (equilíbrio, tónus muscular, postura, coordenação, etc.), a nível da linguagem, e a nível psicológico. Desta forma, irá ser proporcionada maior autonomia e segurança à criança.

• Conselhos para pais e professores:
– permitir que a criança utilize estratégias no decorrer do mecanismo da escrita, como por exemplo, o recurso a adaptadores de lápis e canetas, possibilidade de utilizar um plano inclinado, etc.;
– conceder à criança a possibilidade de escrever com o tipo de letra que lhe seja mais fácil reproduzir; utilizar folhas com margens bem delineadas e se necessário recorrer a uma régua para conseguir respeitar os limites das linhas;
– muitas vezes as crianças ficam frustradas ao analisar a aparência das letras que reproduzem e muitas vezes referem que não possuem competências para realizar atividades grafomotoras; as capacidades de desempenho deverão ser reforçadas positivamente de forma a que a criança não desmotive e não se desinteresse pelas atividades que envolvem a escrita;
– solicitar que a criança realize apenas a quantidade de trabalho para a qual possui capacidades; não é aconselhável que passe os intervalos a terminar esse tipo de atividades;
– incentivar a explicação e apresentação oral de trabalho ao invés da apresentação escrita.

Dra. Raquel Gonçalves
Terapeuta Ocupacional do ITAD
Clínica de psicologia e terapia da fala em Lisboa
Av. Almirante Reis nº59 1ºEsq 1150-011 Lisboa – Portugal
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