Disortografia
Um dos grandes problemas que se deparam os alunos, professores e encarregados de educação hoje em dia, é com o fenómeno da Disortografia.
Disortografia
Disortografia deriva dos conceitos “dis” (desvio) + orto (correto) + “grafia” (escrita). Esta patologia pode ainda ser conhecida por Perturbação da Expressão Escrita, segundo o DSM-V, ou seja, é uma perturbação específica de aprendizagem, de origem neurobiológica que afeta as capacidades da expressão escrita, em particular a precisão ortográfica, a organização, estruturação e composição de textos escritos, a construção frásica é pobre e por norma curta e observa-se ainda a presença de muitos erros ortográficos.
Podemos considerar que a disortografia se divide em vários subgrupos:
Disortográficos temporais – apresentam dificuldades na perceção dos aspectos fonémicos da linguagem falada com a correspondente tradução, ordenação e separação dos seus elementos- substituem, juntam, separam as palavras de forma incorreta;
Perceptivo-cinestésicos – apresentam dificuldades na repetição de sons ouvidos;
Cinéticos – apresentam dificuldades no discurso, o que vai influenciar erros de união e separação de letras, sílabas e palavras;
Caráter viso espacial – apresentam alterações perceptivas dos grafemas, originando rotações ou inversões (p-b), substituições de grafemas idênticos (m-n) e confusão de caracteres com dupla grafia (ch-x);
Dinâmicos – apresentam alterações na escrita e estruturação das suas ideias; Semânticos – apresentam dificuldades na utilização de sinais ortográficos;
Culturais – apresentam dificuldades na aprendizagem da ortografia convencional.
Quais as suas causas?
Existem quatro tipos de causas para disortografia, são elas:
Tipo perceptivo, que se carateriza por deficiência na perceção, na memória visual e auditiva e a nível da orientação espaço-temporal, que influenciam a correta orientação das letras e na discriminação de grafemas semelhantes;
Tipo intelectual, que se associa a um défice ou imaturidade intelectual, ou a um baixo nível de inteligência. Estes fatores podem levar a uma escrita incorreta.
Como terceira causa considera-se afectivo-emocional, que se relaciona com baixos níveis de motivação e atenção, podendo originar com que a criança cometa erros ortográficos.
Tipo pedagógica, que se referem aos níveis de ensino desadequados.
Independentemente da causa da disortografia, é importante que o seu diagnóstico seja feito o mais cedo possível, para que os efeitos da intervenção sejam mais evidentes.
Sinais de alerta:
– Dificuldade em corresponder a letra ao som respectivo;
– Dificuldade em fixar regras gramaticais e ortográficas;
– Dificuldades na pontuação e acentuação;
– Erros ortográficos, linguísticos e visuais;
– Erros no ditado, na cópia e na composição.
Caraterísticas:
As crianças com disortografia demonstram falta de vontade para escrever e quando o fazem os seus textos são bastante reduzidos, desorganizados e sem pontuação. Quando as crianças apresentam problemas na fala, tem tendência a fazer as mesmas trocas na escrita.
As caraterísticas mais evidentes na disortografia são: erros linguístico-percetivos, que são caraterizados como omissões de letras, sílabas e palavras, adições de fonemas, sílabas e palavras, inversões de carateres, sílabas e palavras e troca de símbolos linguísticos ao nível do traço de nasalidade; erros viso espaciais, onde se incluem as substituições de letras que se distinguem pela sua forma escrita, as substituições de carateres semelhantes visualmente, a confusão com fonemas que tenham dupla grafia e a escrita de palavras em espelho; erros viso analíticos, quando a criança faz trocas de letras sem qualquer sentido; erros de conteúdo, têm como caraterística principal a junção de duas palavras ou a separação incorreta. Por fim, erros de ortografia, que se caraterizam pela falta de pontuação, o não início das frases com letra maiúscula e a deficiente separação de palavras.
Prevalência:
A disortografia é menos frequente qua a dislexia. As crianças com esta patologia apresentam uma leitura normal, mas apresentam um défice na capacidade de compor textos escritos, sendo a sua organização pobre, fazem erros gramaticais e de pontuação.
Avaliação:
A avaliação da disortografia deve ser centrada no sistema de escrita da língua materna de cada criança, ou seja, antes do início da avaliação, o avaliador deve conhecer muito bem o sistema de escrita da Língua Portuguesa.
Para avaliar a disortografia, no ITAD os nossos técnicos fazem provas de ditado, de letras, palavras, pseudopalavras e frases, descrição de imagens, complemento de frases e elaboração de uma composição, assim como outras provas específicas para esta situação e despistar outras.
Na avaliação deve-se retirar informações sobre o nível ortográfico em que a criança se encontra, quais os erros e qual a sua frequência na escrita. Deve-se também retirar informações do caderno da criança e dos trabalhos que realiza tanto em casa como na escola.
Intervenção:
A intervenção na disortografia não se deve basear num só modelo, mas sim em vários para que haja um complemento que englobem a perceção auditiva, visual e espaço-temporal, a memória visual e auditiva.
Os pais e educadores podem realizar com as crianças exercícios de reconhecimento de formas gráficas; identificação de erros; distinção de direita/esquerda, cima/baixo, frente/trás; consciencialização do fonema isolado, em sílaba e soletração; análise de frases; substituição de um fonema por outro na sílaba e palavra.
É importante salientar que as crianças com dislexia também apresentam disortografia, contudo existem crianças que podem apresentar apenas disortografia, devido ao fato de apresentarem dificuldades em fixar as regras gramaticais e ortográficas.
Dra. Sónia Rosado
Terapeuta da Fala na Clínica do Itad em Lisboa
Clínica de psicologia e terapia da fala ITAD
Av. Almirante Reis nº59 1ºEsq 1150-011 Lisboa – Portugal
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