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Síndrome de Savant

A síndrome de Savant diz respeito à presença de determinadas aptidões cognitivas extraordinariamente desenvolvidas em indivíduos que apresentam um baixo nível de funcionamento geral. Tem sido identificada em pacientes com Perturbação do Desenvolvimento Intelectual, com Perturbação Obsessivo-Compulsiva e Perturbação de Gilles de la Tourette, mas as situações clínicas a que mais frequentemente se associa são ao Autismo e à Síndrome de Asperger.

O que é a Síndrome de Savant?
O Autismo caracteriza-se por uma tríade de sintomas que implica défices nos domínios da sociabilidade, linguagem e criatividade. Já a Síndrome de Savant associada ao autismo, resulta na manifestação do autismo com “Ilhas de Genialidade”. Num mesmo indivíduo, estão presentes capacidades francamente diminuídas em muitas áreas do funcionamento psíquico e outras capacidades extremamente desenvolvidas.

savant sindrom
A natureza das aptidões descritas tem sido bastante variada. As mais comuns relacionam-se com o talento musical, as capacidades de cálculo matemático, o talento artístico, a poesia, a memória excecional e a hiperlexia (facilidade em decifrar letras e números com início precoce). Estas aptidões tendem a estar associadas ao hemisfério direito e podem ser caracterizadas como não-simbólicas, artísticas e concretas, em contraste com as aptidões do hemisfério esquerdo que são mais sequenciais, lógicas e simbólicas. Porém, consistem em capacidades altamente isoladas e específicas, cuja origem é ainda difícil de explicar.
Independentemente da perturbação primária, a denominação mais abrangente utilizada atualmente é a de Síndrome de Savant («Síndrome dos Sábios»), mantida no idioma francês original, e que veio substituir a denominação inicial de Idiot Savant («Idiota Sábio»), proposta por Landon Down, referindo-se a indivíduos com um quociente de inteligência abaixo de 25 que exibiam capacidades excecionais por comparação com a população geral sem deficiência.

Qual a sua prevalência?
A Síndrome de Savant é uma condição rara, cerca de seis vezes mais frequente no sexo masculino do que no feminino. Pode ser congénita (com os primeiros sintomas a surgirem na infância) ou adquirida devido a lesões no sistema nervoso central.
A prevalência da Síndrome de Savant é de 1 em cada 2.000 pessoas com défices cognitivos, ainda que a sua incidência aumente para 1 em cada 10 indivíduos autistas. É uma síndrome de escassa prevalência entre a população geral.

O que ter em conta no Diagnóstico Diferencial?
É fundamental não confundir a existência isolada de capacidades especiais com a sobredotação. Na Síndrome de Savant, as capacidades dizem frequentemente respeito a modalidades bem definidas e limitadas (memória fotográfica, capacidade de cálculo, memória de dígitos, etc.) exibidas por pessoas que têm uma marcada assimetria de competências cognitivas e funcionais. O que se destaca são tanto os excessos como os defeitos, tanto as incapacidades como as prováveis “genialidades”, que coexistem num mesmo indivíduo.
Estes sujeitos podem ser surpreendentemente incapazes em gerir de forma competente a sua vida e a relação com os outros, pelo que muitos apresentam sintomatologia compatível com os critérios de diagnóstico das Perturbações do Espectro do Autismo. No entanto, nem todos os autistas têm Síndrome de Savant, e nem todos os indivíduos com Síndrome de Savant apresentam uma Perturbação do Espectro do Autismo.

Que possibilidades educacionais para as crianças com Síndrome de Savant?
Uma forma eficaz de iniciar o trabalho pedagógico é partindo das capacidades que a criança apresenta. Isto porque, ao valorizar as suas competências e ao reforçá-las positivamente, a atenção do/a aluno/a com Necessidades Educativas Especiais tenderá a manter-se por um período de tempo mais longo nas tarefas propostas. As aptidões da criança devem ser utilizadas como forma de expressão e devem desenvolver gradualmente a sua socialização. Ao treinar as suas aptidões, poder-se-á caminhar no sentido do desenvolvimento das áreas relativas à linguagem, às competências sociais e às capacidades de vida diária, promovendo a sua autonomia.

Pelo facto de a Síndrome de Savant provocar um défice significativo no funcionamento psicossocial, é importante procurar a ajuda especializada de um Psicólogo, que poderá desta forma intervir sobre possíveis desordens comportamentais ou emocionais manifestadas pela criança.
Neste sentido, torna-se fundamental a colaboração entre todos os técnicos envolvidos e a família, para que se possa dar continuidade ao trabalho desenvolvido também em contexto familiar, intervindo simultaneamente sobre as contingências ambientais que podem potencializar os sintomas associados a esta síndrome.

Dra. Ana Trindade
Psicóloga do ITAD
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