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Surdez Infantil

A Surdez Infantil define-se como uma impossibilidade, total ou parcial, para ouvir sons, provocada por uma lesão do sistema auditivo.

Surdez Infantil

Tipos de Surdez:
Existem três tipos de surdez, sendo eles:
– Surdez de condução ou transmissão, que afeta o percurso do som entre o ouvido externo e o ouvido médio;
– Surdez neurossensorial ou perceção, que afeta o ouvido interno e por vezes o nervo auditivo;
– Surdez mista, é a junção dos dois tipos de surdez anteriormente referidos.

Deve-se ainda referir outros dois tipos de surdez, a surdez pré-linguística, ou seja quando surge antes do aparecimento e aquisição da fala e linguagem, e a surdez pós-linguística, que surge depois da aquisição da fala e da linguagem.

Graus de Surdez:
Considera-se que uma criança apresenta surdez quando tem um nível de audição inferior ao que é considerado normal (20dB), para percepcionar e detectar sons.
A surdez pode ser classificada, quanto ao grau, como: ligeira (21-40 dB), moderada (41-70 dB), severa (71-90 dB), profunda (91- 111 dB) e total (>120 dB).

Etiologia da Surdez Infantil:
A surdez infantil pode ter como base três tipos de causas, sendo elas:
– Pré-natais (antes do parto) e podem estar relacionadas com: fatores hereditários, malformações congénitas por infecções virais ou bacterianas intra-uterinas (rubéola, sarampo, sífilis, citomegalovirus, herpes), intoxicações intra-uterinas (álcool e drogas), alterações endócrinas (patologias da tiróide, diabetes), carências alimentares (vitamínicas) e agentes físicos (raios x ,radiações).
– Peri-natais (durante o parto), que podem estar relacionadas com: traumatismos obstétricos (hemorragias no ouvido interno), anóxia, prematuridade, incompatibilidades sanguíneas.
– Pós-natais (depois do parto e no decurso da vida), que podem estar relacionadas com: doenças infecciosas, doenças bacterianas (meningites, otites…), doenças virais (encefalites, varicela), intoxicações (antibióticos, excesso de vitamina D), trauma acústico (exposição prolongada a ruídos; sons de elevada intensidade) e traumatismos craneoencefálicos (acidentes).

Sinais de alerta da Surdez Infantil
Podemos considerar que existem sinais de alerta que devemos ter em conta, sendo eles, fatores relacionados com o comportamento da criança (se adormece frequentemente durante o dia, se parece desatenta e preguiçosa, se está calada e quieta em alturas não habituais, se aparentemente está tensa ou demasiado ansiosa e se em certos dias parece ouvir melhor que noutros), factores relacionados com a linguagem (se tem dificuldade em compreender instruções orais, se o seu discurso não é suficientemente claro para a sua idade, se utiliza palavras isoladas em vez de frases complexas, se não forma corretamente as frases, se é lenta a organizar ideias para se exprimir, se perante uma palavra dada tem dificuldade em soletrá-la som a som, se tem dificuldades em associar as letras impressas aos sons representativos, se tem dificuldades em discriminar e aprender os sons das vogais, se tem dificuldade em aprender a divisão silábica e a acentuação correcta das palavras e se tem dificuldades em aprender conceitos abstractos), por fim deve-se ainda considerar o fato de existirem familiares surdos, se a criança sofreu algum acidente, se já teve meningite, se esteve exposta a ruídos fortes, se tem susceptibilidade anormal ao ruído, se apresenta fadiga auditiva e se tem frequentemente otites agudas.

Prevenção da Surdez Infantil
A prevenção primária constitui-se de ações que devem ser feitas antes do desenvolvimento da surdez e envolve as campanhas de vacinação contra a rubéola nas mulheres em idade fértil, a realização dos exames pré-natais, campanhas de vacinação infantil contra o sarampo e meningite, bem como palestras e orientações às mães.

Desenvolvimento da linguagem normal Versus Desenvolvimento da linguagem das crianças surdas
O desenvolvimento da linguagem da criança ouvinte, passa por várias etapas cronológicas, sendo elas: desde o nascimento até aos 6 meses (reage a sons, olha e/ou vira a cabeça em direcção à fonte sonora e produz sons), aos 12 meses (compreende ordens simples, diz as primeiras palavras, como “papá” e “mamã” e responde ao seu nome), aos 18 meses (compreende frases e ordens simples, é capaz de nomear objectos familiares e o seu vocabulário vai aumentando), aos 2 anos (compreende ordens mais complexas, diz o seu nome e usa frases com duas e três palavras), aos 3 anos (compreende frases simples, usa e faz perguntas e usa alguns plurais e preposições) e aos 4anos (o seu discurso assemelha-se mais ao de um adulto em termos gramaticais).

O desenvolvimento da linguagem da criança surda, passa pelas seguintes etapas cronológicas:
– dos 0 aos 6 meses (reacção nítida às vibrações e ao tacto, mas ausência de reacção aos sons e a voz da mãe não é suficiente para acalmar a criança quando chora, sendo necessário o toque no filho);
– dos 6 aos 12 meses (palra de forma diferente ou pára de palrar e ausência ou reacção inconsistente aos sons);
– dos 12 meses aos 3 anos (verifica-se um atraso na linguagem, podendo a criança falar tardiamente ou não chegar a fazê-lo sem aparelho auditivo. Mas mesmo com aparelho, algumas crianças não têm capacidade para desenvolver a fala, no entanto podem desenvolver linguagem. Recorre aos gestos, a expressões faciais exageradas e ao apontar de forma mais frequente, para pedir o que quer);
– dos 3 aos 6 anos (a linguagem é mal estruturada havendo por vezes ausência desta, sendo o vocabulário reduzido e pouco inteligível e produz sobretudo palavras de conteúdo, como nomes e verbos mais comuns do seu dia a dia);
– dos 6 aos 16 anos (verificam-se os mesmos sinais que dos três aos seis anos, o que se reflecte, habitualmente, num baixo rendimento escolar);
– após os 17 anos (dificuldade em ouvir e perceber o que as pessoas dizem, dificuldade em ouvir e perceber o ambiente sonoro que a rodeia (sons da natureza, música, rádio, televisão, telefone…) e uma intensidade que as pessoas com audição normal conseguem ouvir).

Avaliação:
Deve ser feita uma avaliação em conjunto com o Otorrinolaringologista, o Audiologista e o Terapeuta da Fala, para que seja delineada a forma de intervenção mais adequada à criança pois esta varia com o tipo e grau de surdez, a etiologia e as caraterísticas da criança.

Intervenção:
É importante referir que uma criança surda com aparelho não ouve da mesma forma que uma criança ouvinte.
O aparelho auditivo não é suficiente para que a criança surda desenvolva a função auditiva e adquira a linguagem. É necessário que que haja uma trabalho terapêutico associado a uma interacção familiar adequada para que haja um bom desenvolvimento da criança.

Os pais e educadores podem realizar atividades do dia-a-dia, como ter o costume de chamar a atenção da criança para os sons que a rodeiam. Podem utilizar instrumentos e brinquedos que produzem ruídos, ou até mesmo sons ambientais. Por exemplo: bater com a porta, com a campainha, telefone a tocar, o rádio, a televisão e os ruídos de objectos que caem. Nestes momentos deve sempre ser indicada a presença dos sons e a sua origem.

Devem estar sempre de frente para a criança, com o rosto bem iluminado, devem deixar a boca bem visível, para permitir que a criança faça a leitura de fala (ler os lábios) da mensagem que lhe é transmitida, devem falar normalmente e sem movimentos exagerados da boca.
Os pais e educadores devem usar gestos comuns, mímica, apontar para pistas contextuais que facilitem a transmissão da mensagem, usar expressões faciais e entoações ricas, recorrer ao desenho e à escrita.

Dra. Sónia Rosado
Terapeuta da Fala do Itad
Clínica de psicologia e terapia da fala em Lisboa
Av. Almirante Reis nº59 1ºEsq 1150-011 Lisboa – Portugal
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