Anorexia Nervosa
A anorexia nervosa é uma alteração alimentar na sua forma mais grave, que se manifesta partir da puberdade, instalando-se em estruturas psíquicas fragilizadas e colocando em risco a própria vida do adolescente.
Anorexia Nervosa
“Com o olhar percorria toda a sala, sem sossego e sem encontrar o que procurava, talvez uma porta para fugir, o que seria difícil concretizar porque todas as pessoas em redor olhavam para ela. Para além do olhar, a sua face era formada por ossos salientes e admiravelmente desenhados sob a pele, cavidades profundas entre ossos, os cabelos louros e muito longos desciam até á cintura, desgrenhados, mas macios ao olhar. As mãos, que seguravam a roupa, eram esculturas cobertas de pergaminho muito envelhecido, sem músculo. “(“Anorexia nervosa, minha amiga”, Dulce Bouça, 2000).
O que é?
A anorexia nervosa é uma alteração alimentar na sua forma mais grave, que se manifesta a partir da puberdade, instalando-se em estruturas psíquicas fragilizadas e colocando em risco a própria vida do adolescente.
Nesta patologia o conflito principal é ao nível do corpo e da representação interna da sua imagem, e devemos estar atentos sobretudo aos aspectos exteriores como os valores sociais correntes, nomeadamente aqueles em que alguns padrões alimentares e de imagem corporal são facilmente interiorizados num “ideal do eu” muito rígido e distorcido.
Qual o enquadramento social?
Está na ordem do dia a discussão sobre a extrema magreza de muitas modelos famosas e a própria pressão social e dos meios de comunicação para ter um corpo perfeito – o que faz com que as jovens adolescentes (e também os rapazes embora numa percentagem menor) vejam a dieta como a solução para todos os seus problemas.
Felizmente, a maior parte dos que começam uma dieta rapidamente a abandona em poucos dias ou semanas, mas sabe-se hoje que dietas repetidas, especialmente marcadas e alternantes de peso, são um factor de risco para a anorexia nervosa.
Características, sintomas e diagnóstico
Existem dois tipos de Anorexia Nervosa – o tipo restritivo e o tipo bulímico.
O diagnóstico para qualquer dos tipos desta perturbação faz-se partindo de vários critérios, de que destacamos os seguintes:
* recusa em manter o peso corporal igual ou acima do normal para a idade e altura;
* medo intenso e persistente em aumentar de peso ou vir a ser gordo, mesmo quando notoriamente emagrecido – à medida que a perda de peso aumenta, aumenta também o medo de não conseguir controlar a fome e cair em excessos alimentares;
* perturbação da avaliação do peso e imagem corporal, que se manifesta na sensação de se ver gordo, e negação da gravidade da situação;
* amenorreia (ausência de ciclo menstrual nas meninas) e perda de potência (nos rapazes).
Na anorexia de tipo restritivo a perda de peso é conseguida à custa de restrição alimentar progressiva, associada ou não a exercício físico intenso e abuso de laxantes, os pacientes apresentam uma personalidade obsessiva e são perfecionistas, rigorosos e rígidos na sua actividade diária.
Na anorexia tipo bulímica os pacientes apresentam manobras adicionais para perder peso, tais como o recurso ao vómito a seguir a uma ingestão alimentar menos controlada, ou, nos casos mais graves, após todas as refeições, mesmo diminutas.
Qual o tratamento adequado?
“Não quero ser tratada, não estou doente e não quero mudar. Nem um grama a mais, nem uma caloria a mais hão-de entrar em mim (…). Nem um milionésimo de gordura vai aparecer no meu corpo, nem um minuto vou aliviar a atenção e deixar de me controlar. Ninguém me vai convencer a ser diferente, porque eu não quero mudar.” (idem, ibidem, 2000)
Deve ter-se em conta que a anorexia nervosa é sobretudo uma doença cujo sintoma chave é a recusa alimentar, e é caracterizada por graves e profundas perturbações psicológicas e complexos problemas no relacionamento interpessoal.
É uma patologia com tratamento difícil e prolongado, pelo que um diagnóstico precoce é fundamental. Nos casos graves a hospitalização é necessária, e quando não é tratada e detectada a tempo pode tornar-se uma perturbação para toda a vida, apresentando-se actualmente com uma taxa de mortalidade de 5%, valor muito elevado em comparação com qualquer outra doença psiquiátrica.
Sinais de alerta para pais e educadores
Embora não seja uma doença exclusiva da puberdade e adolescência são estas as idades típicas para a sua manifestação.
Por esta razão aconselham-se todos os pais e educadores a estarem atentos aos sintomas descritos acima, e ainda a vigiar de perto todos os comportamentos adoptados com o objectivo de perder peso, observando atentamente quaisquer alterações psicológicas provocadas pelo medo de engordar, e procurar ajuda terapêutica imediata em caso de recusa em ingerir alimentos.
Obrigado pelo vosso interesse e espero ver-vos em breve na nossa clínica em Lisboa.
Dr. Sérgio Filipe Pereira – Psicólogo em Lisboa
Clínica de psicologia ITAD
Psicólogo, Terapeuta da Fala e Terapeuta Ocupacional
Psicóloga na Clínica do Itad em Lisboa
Clínica de Psicologia ITAD
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