Dependência da internet e de videojogos em crianças e jovens
O Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5) define a Perturbação de Jogos de Internet como uma persistente utilização da internet com vista à prática de videojogos, geralmente com outros jogadores, que conduz ao desenvolvimento de uma dependência, cada vez mais presente entre crianças e jovens.
Dependência da internet e de videojogos em crianças e jovens
Em que consiste a dependência da internet e de videojogos?
O Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5) define a Perturbação de Jogos de Internet como uma persistente utilização da internet com vista à prática de videojogos, geralmente com outros jogadores, que conduz ao desenvolvimento de uma dependência.
A adição aos videojogos online parece apresentar características semelhantes a outras adições, nomeadamente substâncias como o tabaco, o álcool e substâncias psicoativas. Porém, e contrariamente ao que acontece com o uso de substâncias, a utilização excessiva de videojogos não foi reconhecida como uma desordem, mas sim como um comportamento que surge no contexto da adição à internet.
A Perturbação de Jogos de Internet surge no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5), realçando no entanto a necessidade de estudos mais aprofundados sobre este fenómeno.
Na sociedade em que vivemos, os videojogos podem ser jogados em computadores, consolas, telemóveis ou outros dispositivos portáteis. Onde quer que haja crianças, inevitavelmente encontraremos em grande parte delas um fascínio pelos dispositivos eletrónicos.
Note-se que o jogo, por si só, reflete um comportamento saudável e desejável do ponto de vista do desenvolvimento das crianças. Neste sentido, e quando utilizados de forma moderada e com conteúdos adequados à idade dos utilizadores, os benefícios dos videojogos podem traduzir-se em ganhos cognitivos (ex. melhoria de capacidades cognitivas), sociais (ex. reforço das relações entre pares) e psicológicos (ex. maior bem-estar psicológico) para os jogadores.
O uso da internet e dos videojogos torna-se patológico quando, em vez de se envolver no mundo real, uma criança ou jovem dedica a maior parte do seu tempo aos jogos online, isolando-se e ignorando responsabilidades mais importantes.
Quais os sinais de dependência da internet e de videojogos em crianças e jovens?
Estes são alguns dos potenciais sinais de alarme em crianças e jovens com uso patológico da Internet e dos videojogos:
• Perdem a noção do tempo enquanto estão online;
• Tornam-se agitados ou agressivos quando os videojogos online são interrompidos;
• Apresentam sintomas de abstinência quando os videojogos são retirados das suas atividades diárias (ex. irritabilidade);
• Perdem interesse em participar noutro tipo de atividades, que não estejam relacionadas com os videojogos online, nomeadamente com a família ou amigos;
• Evitam com frequência compromissos, para continuar a jogar;
• Desobedecem aos limites que foram estabelecidos para a utilização da internet;
• Mentem ou omitem a membros da família o tempo despendido online;
• Criam relacionamentos com pessoas que apenas conhecem online;
• Recorrem aos videojogos online como forma de anular e/ou aliviar estados de humor negativos;
• Não se deitam à hora que seria expectável e de manhã parecem exaustos;
• Falham na tentativa de abdicar de jogar; e
• Os comportamentos de dependência interferem significativamente no seu desempenho escolar e nos seus relacionamentos sociais.
Qual a população em risco de sofrer de dependência da internet e de videojogos?
Crianças que revelem competências sociais deficitárias e dificuldades nas estratégias de coping constituem uma população em risco de desenvolver hábitos excessivos de utilização da internet e de videojogos. Porque se sentem sozinhas, alienadas e com dificuldade em fazer amigos, estas crianças voltam-se para pessoas desconhecidas, procurando a atenção e companheirismo que faltam nas suas vidas “reais”.
Quais as principais consequências de dependência da internet e de videojogos?
A adição aos videojogos online surge associada a múltiplas consequências negativas, que se dividem em:
• Consequências sociais: Visto que as crianças e jovens com manifestações comportamentais de dependência da internet e de videojogos passam muito tempo online, despendem menos tempo interagindo com os outros, o que pode gerar sentimentos de isolamento e de solidão, e a perda de amigos e relacionamentos.
• Consequências académicas: Frequentemente, estas crianças e jovens exibem um decréscimo no seu desempenho académico e nas suas notas escolares. Tal deve-se ao facto da realização dos TPC e de estudar para os testes se tornarem cada vez menos importantes e prioritários. Em adultos dependentes da internet e dos videojogos, os efeitos no desempenho laboral são semelhantes.
• Consequências Financeiras: Em adolescentes e adultos que despendem grandes quantidades de dinheiro em novos videojogos e upgrades informáticos.
• Consequências familiares: A dependência da internet e videojogos conduz frequentemente à deterioração das relações familiares. Tensão e conflitos entre os membros da família aumentam à medida que os pedidos para reduzir ou eliminar o acesso à internet e aos videojogos são ignorados. As crianças e jovens poderão negar que o problema existe, tentar esconder quanto tempo passam online e acusar os pais de se estar a intrometer na sua vida. Os próprios pais podem discordar em como lidar com o problema, o que pode conduzir a frequentes discussões e conflitos.
• Consequências para a saúde: A dependência da internet e de videojogos pode conduzir à negligência dos cuidados de higiene pessoal, hábitos de sono pouco saudáveis, alimentação desadequada que privilegie refeições rápidas e de simples preparação e diminuição da prática de atividade física. Algumas das suas consequências físicas podem incluir cefaleias, dores nas costas ou no pescoço, insónias e dificuldade em dormir, Síndrome do Túnel Cárpico e/ou convulsões.
• Consequências emocionais e psicológicas: Crianças e adolescentes com manifestações comportamentais de dependência da internet e videojogos podem experimentar um humor deprimido, baixa autoestima, ansiedade social, baixa tolerância à frustração, raiva e sentimentos de culpa e vergonha por não conseguirem controlar os seus comportamentos de dependência.
Estratégias para pais:
• Mantenha computadores, consolas ou outros aparelhos semelhantes fora do quarto do seu filho/a, de preferência numa área comum para que possa supervisionar a sua utilização.
• Institua o acesso à internet e aos videojogos como uma recompensa, e não como um direito.
• Certifique-se de que os videojogos online não são a principal atividade de lazer do seu filho/a.
• Defina limites diários para a utilização da internet e de videojogos, e certifique-se de que esses limites não são excedidos.
• Apenas permita o acesso à internet e aos videojogos após as crianças e adolescentes realizarem as suas responsabilidades (ex. trabalhos de casa).
• Tenha sempre a palavra final na compra de videojogos para o seu filho/a.
• Conheça os nomes de utilizador e passwords do seu filho/a, nomeadamente em redes sociais como o Facebook.
• Verifique o histórico do computador do seu filho/a, para minimizar os riscos associados à utilização da internet.
• Encoraje o seu filho/a a realizar outras atividades e a estabelecer relacionamentos com os pares.
• Se possível, tenha um computador apenas para o trabalho académico (sem jogos instalados, e em que as redes sociais ou páginas de videojogos online estão bloqueadas) e o outro para os videojogos.
Caso o seu filho/a apresente alguns dos sinais de alerta acima mencionados, indicadores de dependência patológica da internet e de videojogos, não hesite em contactar um Psicólogo que possa avaliar a situação e aconselhá-lo.
Obrigado pelo vosso interesse e espero ver-vos em breve na nossa clínica em Lisboa.
Dr. Sérgio Filipe Pereira – Psicólogo em Lisboa
Clínica de psicologia ITAD
Psicólogo, Terapeuta da Fala e Terapeuta Ocupacional
Psicóloga na Clínica do Itad em Lisboa
Clínica de Psicologia ITAD
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