Autismo
O autismo é uma perturbação do Neurodesenvolvimento de base biológica, considerando-se uma das patologias complexas mais hereditárias.
Autismo
• Definição Conceptual
O conceito de Autismo tem sofrido várias alterações e não existe um consenso em relação ao mesmo. A primeira definição provém de 1943, de Leo Kanner. Posteriormente Teorias Psicanalíticas, nos anos 60, deram um contributo para o seu estudo, definindo-a como a “Perturbação das mães frigorífico”, identificando a sua causa na relação mãe-bebé, que carecia de vínculo emocional, não havendo um desenvolvimento emocional adequado nestas crianças. Nos anos 70 deu-se um período de desconstrução, possibilitado pelos critérios de diagnóstico da CID e do DSM, realizando-se diagnósticos diferenciais. O autismo passa a Perturbação Global do Desenvolvimento, suprimindo toda a associação ao conceito de psicose. Posteriormente as Teorias Genéticas, nos anos 80, identificaram várias doenças genéticas aliadas ao autismo, associando-o a anomalias cromossómicas e a síndromes raras.
Hoje, os estudos científicos mais fidedignos apontam o Autismo como uma Perturbação do Neurodesenvolvimento de base biológica, considerando-se uma das patologias complexas mais hereditáveis. Sabe-se que é uma doença geneticamente determinada, com reduzida presença de factores ambientais na sua causa.
A criança com autismo apresenta dificuldades ao nível das interacções sociais, comunicação, apresentando comportamentos, interesses ou actividades repetitivos e estereotipados. Está associado a várias patologias que podem agravar o quadro clínico: défice cognitivo, Síndrome X frágil, Perturbação de Hiperactividade com défice de atenção, Perturbações do sono e Perturbações alimentares.
Segundo o DSM-IV, esta patologia manifesta-se antes dos 3 anos de idade devido a um atraso ou um funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas: interacção social, linguagem e jogo simbólico.
• Etiologia e Prevalência
A base etiológica desta patologia levanta dúvidas, havendo várias teorias que se debruçam sobre a sua origem mas ainda sem certezas concludentes. Duas teorias têm, ao longo dos anos, se destacado: as Teorias Psicogenéticas, com raízes nas teorias psicanalíticas e que defendem que as crianças com autismo não apresentam a doença no momento do parto e que devido a questões familiares desenvolvem o quadro autista. As teorias biológicas defendem o papel do défice cognitivo como crucial na génese desta patologia, não conseguindo saber se o aparecimento do Autismo é devido a um agente etiológico ou à combinação de vários.
Segundo o DSM-IV, estudos epidemiológicos apontam que o Autismo apresenta uma prevalência de 5 casos em 10000 sujeitos, havendo um padrão familiar que aponta um aumento do risco em 5% entre irmãos. É mais frequente em crianças do sexo masculino do que do sexo feminino, numa proporção de 3 a 4 para 1.
• “Sinais de Alerta” e Diagnóstico Diferencial
Uma identificação precoce dos sintomas é crucial no sentido de providenciar uma intervenção adequada. A identificação das primeiras alterações numa idade precoce, como o atraso na linguagem, a falta de resposta a estímulos auditivos, as dificuldades em manter o contacto visual, o não reagir ao nome quando chamado, a falta de interesse ao mundo envolvente, a ausência de reactividade a estímulos afectivos (Por exemplo: não estender os braços para que lhe peguem ao colo, o não sorrir em resposta ao outro, o não apontar) é fundamental.
O autismo diferencia-se nos sintomas e na sua intensidade das outras Perturbações Globais do Desenvolvimento, nomeadamente a Perturbação de Rett, a Perturbação Desintegrativa da Segunda Infância e a Perturbação de Asperger.
• Avaliação
Não existe ainda um diagnóstico totalmente claro de autismo, uma vez que os exames de diagnóstico existentes não o possibilitam. O diagnóstico desta patologia segue três linhas: a psicometria clínica, através de escalas e questionários (Escalas de Rimland, Escala do Comportamento Autísitico: ECA de Barthélémy e Lelord, Escala do Comportamento Autístico – Lactente ECA-N de Sauvage, C.A.R.S e a P.E.P de Schopler); a avaliação das várias vertentes do desenvolvimento implicadas; exames complementares (avaliação ortofónica, psicomotora, neurológica e pediátrica). Providenciar uma avaliação holística e que tenha em conta a criança e as várias esferas em que está inserida é fundamental para se poder providenciar uma intervenção de qualidade.
• A Intervenção
O modelo de intervenção realizado na clínica de psicologia em Lisboa – ITAD junto de uma criança com autismo tem em conta que é um ser único e diferente de todos os outros e como tal o programa deverá ser feito à sua medida. Por outro lado, deverá ser global mas realista, traçando objectivos que possam ser alcançados.
Deste modo, a intervenção terapêutica deverá incidir nas seguintes áreas: Comunicação-Interacção (através do contacto através do olhar, proximidade e contacto físico, jogo recíproco, uso do sorriso na interacção), linguagem (através da promoção da espontaneidade, de técnicas específicas para incentivar a imitação verbal e desenvolvimento da linguagem simbólica), área cognitiva (através da promoção da atenção e das relações entre objectivos e meios, desenvolvimento de mecanismos e comportamentos básicos de imitação e de mecanismos básicos de abstracção) e comportamento (através da eliminação dos estímulos discriminativos que desencadeiam os comportamentos desadequados, do reforço dos comportamentos adequados, da eliminação do reforço do comportamento desadequado, do uso do castigo positivo e do castigo negativo), atribuindo responsabilidade à criança, aos Pais e aos Professores de crianças com autismo.
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