Perturbação Dismórfica Corporal
A Perturbação Dismórfica Corporal (anteriormente designada por Dismorfofobia) consiste numa alteração da perceção e da valorização corporal que constitui uma perturbação psicológica, caracterizada pela preocupação com um ou mais defeitos ou imperfeições na aparência física, que o próprio acredita ser anormal, deformada e/ou pouco atraente
O que é a Perturbação Dismórfica Corporal?
Estes defeitos ou imperfeições percebidos na sua aparência física não são observáveis, ou são apenas ligeiramente visíveis, pelos outros. As pessoas com Perturbação Dismórfica Corporal têm dificuldade em controlar os pensamentos negativos acerca da sua aparência física, sendo frequentes comportamentos de comparação da própria aparência com a dos outros.
As preocupações são intrusivas, indesejadas e frequentemente difíceis de controlar, ocorrendo em média entre 3 a 8 horas por dia. Estas preocupações excessivas causam mal-estar clinicamente significativo e podem resultar num comprometimento social, ocupacional ou académico (por exemplo, absentismo ou abandono escolar em crianças e adolescentes), causando frequentemente comportamentos de ansiedade social e evitamento.
Quais os sinais de alerta da Perturbação Dismórfica Corporal?
Aqui ficam alguns sinais que podem indicar a presença de Perturbação Dismórfica Corporal, para os quais deverá estar alerta:
• Fazer repetidamente comparações entre a sua aparência e a dos outros.
• Procurar confirmação acerca do defeito percebido.
• Tentar com frequência convencer os outros de que a sua característica física é anormal.
• Pesquisar de forma excessiva informações sobre a parte do corpo tida como imperfeita.
• Recusar frequentar ambientes sociais em que a imperfeição percebida possa ser notada.
• Recusar tirar fotografias.
• Esconder o defeito utilizando as mãos ou alterações na postura.
• Usar de forma excessiva roupa, maquilhagem ou chapéus para ocultar a imperfeição.
• Verificar de forma repetida a parte corporal com defeito em espelhos ou outras superfícies refletoras.
• Sentimento de desconforto em público devido ao defeito.
• Tendência para sobrevalorizar a aparência física em prejuízo de outras características ou capacidades.
Quando se desenvolve a Perturbação Dismórfica Corporal?
As causas desta perturbação são múltiplas, podendo estar associadas a questões biológicas, psicológicas, sociais e culturais, atuando sobre uma certa predisposição individual.
A idade média de início da Perturbação Dismórfica Corporal é por volta dos 16-17 anos, mas a idade mais comum para o seu início ronda os 12-13 anos de idade. Em dois terços dos indivíduos, a Perturbação tem início antes dos 18 anos.
Na adolescência, é atribuída grande importância à opinião dos outros, especialmente dos amigos, que constituem para o adolescente fonte de aprovação ou de rejeição, seja ela real ou imaginária. Também nos meios de comunicação social, persiste uma valorização e difusão exacerbada de corpos perfeitos e o adolescente tende a comparar-se com esses padrões inatingíveis. Quando mal geridas, estas emoções podem provocar no adolescente uma avaliação distorcida da sua autoimagem e uma diminuição da sua autoestima.
As taxas de ideação suicida e de tentativas de suicídio são elevadas tanto em adultos como em crianças e adolescentes com Perturbação Dismórfica Corporal. Verificam-se também elevadas taxas de comorbilidade com Perturbação Depressiva Major.
Quais as consequências da Perturbação Dismórfica Corporal?
A Perturbação Dismórfica Corporal origina estados de grande ansiedade e stresse, prejudicando com frequência a vida social das crianças, adolescentes ou adultos, pelo receio infundado de que a sua aparência física possa ser julgada de forma negativa.
O desempenho na escola ou no trabalho pode frequentemente ser afetado. Se a Perturbação Dismórfica Corporal for severa, as crianças e jovens podem abandonar a escola, evitar sair de casa ou, no caso de adultos, abandonarem o emprego. Nos casos mais graves, podem tentar o suicídio.
Como tratar a Perturbação Dismórfica Corporal?
Para o paciente, esta Perturbação é fonte de grande angústia e mal-estar. Se identificou alguns destes sinais de alerta no seu filho, não hesite em contactar um Psicólogo.
O tratamento para a Perturbação Dismórfica Corporal pode envolver uma abordagem combinada com medicação e psicoterapia, com o objetivo de ajudar os pacientes a ultrapassarem a imagem distorcida que têm da sua aparência física. Estas duas intervenções associadas tendem a produzir um resultado muito positivo, podendo diminuir a ansiedade social e a obsessão com as “imperfeições”, e simultaneamente aumentar a autoconfiança e a autoestima, fazendo com que o paciente consiga alterar a sua autoimagem e se torne mais feliz.
Autora:
Ana Sofia Trindade
Psicóloga do ITAD em Lisboa
Clínica de psicologia e terapia da fala em Lisboa
Av. Almirante Reis nº59 1ºEsq 1150-011 Lisboa – Portugal
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