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Perturbação do Espetro do Autismo

A Perturbação do Espetro do Autismo é considerada uma perturbação do desenvolvimento e a justificação do seu aparecimento está ainda difícil de definir devido às várias origens. O primordial objetivo do trabalho realizado com estas crianças é promover a comunicação e a interação social.

Perturbação do Espetro do Autismo

Autismo

Este texto ilude-nos sobre o tema da perturbação do espetro do autismo. Abordaremos as várias características desta patologia comum na nossa clínica de tratamento psicológico em Lisboa, ITAD.

A perturbação do espetro do autismo tem como características evitar o contacto visual, estereotipias, isolamento social, comportamento e interesses bizarros, resistência à mudança e grandes dificuldades em comunicar. O termo “autismo” tem origem na palavra grega “autos” que significa “próprio” ou “de si mesmo”.

O autismo é considerado uma perturbação do desenvolvimento, tendo início na infância e caracterizando-se por perturbações comportamentais, ao nível do desenvolvimento, da resposta aos estímulos sensoriais, da capacidade linguística, cognitiva e social e da capacidade de relacionamento com pessoas, situações ou objetos.

A perturbação do espectro do autismo é considerada neuropsiquiátrica e resulta de disfunções no desenvolvimento do sistema nervoso central. Esta patologia afeta 1 em cada 150 crianças e pode ter origem em causas biológicas, fatores hereditários, interações entre a genética e o ambiente biológico a nível pré e peri-natal e pode estar associado a alguma doença genética.

Segundo Aarons e Gittens (1992), o conjunto de características que permitem definir os sujeitos autistas dizem respeito à incapacidade para desenvolver relações com as outras pessoas, atraso na aquisição da linguagem, utilização não-comunicativa da linguagem verbal, ecolália, jogo repetitivo e estereotipado, boa memória de repetição e aparência física normal.

Partindo da ideia de que o autismo constitui uma perturbação desenvolvimental que afeta a capacidade do indivíduo comunicar, compreender a linguagem, jogar e interagir com os outros, constitui-se assim, enquanto uma síndrome comportamental.

As pessoas com Perturbação do Espetro do Autismo apresentam uma elevada variedade de capacidades e personalidades, sendo que podem manifestar atrasos mentais graves ou ser extremamente dotados nas suas aquisições intelectuais e académicas.

Muitas dessas pessoas preferem o isolamento e tendem a evitar o contacto social, enquanto outros apresentam níveis elevados de afecto e prazer nas situações sociais. Alguns indivíduos parecem letárgicos e com respostas lentificadas, mas outros são muito activos e parecem interagir de forma constante com certos aspectos do seu ambiente.

A Perturbação do Espetro do Autismo pode ser considerada de três tipos, sendo eles, o autismo puro, o autismo com atraso mental e o autismo não classificado de outro modo. Existem fatores que afetam a forma como estas crianças pensam e aprendem (funcionamento cognitivo), tais como a capacidade intelectual, o grau do autismo e as competências linguísticas.

Todos os casos de perturbação do espetro do autismo apresentam características clínicas em três áreas, sendo elas, a interação social (capacidade de empatia limitada, indiferença social, passividade nas interações sociais, fraco interesse pelas outras pessoas), os interesses e comportamentos restritos (repetitivos e ritualizados, forte resistência à mudança, falham nos jogos de “faz de conta”) e comunicação verbal e não verbal (ecolalia, falta do sim e/ou não, alterações na pragmática e prosódia, evitamento do olhar, problemas de compreensão da comunicação não verbal e verbal, problemas de expressão).

Para avaliar se a criança é portadora de perturbação do espetro do autismo é necessário reunir um vasto leque de especialistas de várias áreas, sendo eles o pediatra, o neurologista infantil, especialistas em desenvolvimento infantil, terapeuta da fala, psicólogo e pedopsiquiatra. Estes especialistas vão estudar a forma como a criança brinca, aprende, comunica e também como se comporta.

Muitas vezes são os pais destas crianças os primeiros a desconfiar que algo está errado com os seus filhos, pois apresentam um atraso na linguagem, não demonstrando interesse na interação com os seus pares.

As crianças com espetro do autismo são diferentes e têm necessidades diferentes. Aprender a comunicar é o principal objetivo destas crianças, embora o falar seja complicado, mas não impossível. Como estas crianças percebem melhor as palavras escritas, o trabalho realizado com estas baseia-se no ensino da comunicação com a ajuda de imagens.

As crianças com Perturbação do Espetro do Autismo evidenciam a dificuldade para a aprendizagem de capacidades práticas simples e da adaptação social, sendo que estes aspectos causarão problemas ao nível do comportamento e da aprendizagem na idade escolar, assim como posteriormente causarão problemas ao nível do emprego, da família e da sociedade.

Os pais de crianças com Perturbação do Espetro do Autismo devem comunicar e usar gestos exageradamente, a mímica e a expressão facial, de forma a incentivarem o olhar, os gestos, a mimica e outras formas de comunicação. Por norma, estas crianças gostam de brinquedos coloridos, jogos com sons e texturas diferentes. Através do uso destas brincadeiras, podemos fazer com que a criança faça pedidos ou escolhas daquilo que quer. O importante é incutir a necessidade ou intenção da comunicação.

Se conseguir que a criança com Perturbação do Espetro do Autismo exteriorize os seus pensamentos, crenças e sentimentos, terá uma criança certamente mais feliz e com melhores capacidades de trabalho.

Dados epidemiológicos
De acordo com a ASA – Autism Society of América, a incidência seria de 1:500 ou dois casos em cada mil nascimentos.
Segundo o órgão norte-americano “Centers for Disease Control and Prevention”, a PEA atingiria de dois até seis indivíduos em cada mil, ou seja, poderia atingir até um indivíduo em cada 166, sendo que esta perturbação seria quatro vezes mais frequente em sujeitos do género masculino.

Tipos de PEA
As Perturbação do Espetro do Autismo são Perturbações Globais do Desenvolvimento nas quais se incluem a perturbação autista, a perturbação de Asperger, a perturbação de Rett, a perturbação desintegrativa da segunda infância e a perturbação global do desenvolvimento sem outra especificação.

Avaliação
As crianças com autismo manifestam um atraso em muitas áreas do desenvolvimento, razão pela qual a sua avaliação impõe a necessidade da intervenção de profissionais de diferentes áreas como da comunicação, do desenvolvimento global, do comportamento, entre outros, já que é consensual que toda e qualquer perturbação do desenvolvimento beneficie com a intervenção e avaliação clínica se esta for conduzida por uma equipa de carácter interdisciplinar e experiente.

Actualmente, o processo de atribuição de um diagnóstico correcto de autismo tornou-se simplificado com o aparecimento do DSM ou CID. Contudo, com o decorrer do tempo foram-se desenvolvendo questionários e checklists dirigidos para a avaliação psicológica e comportamental das crianças diagnosticadas, podendo assim especificar-se melhor a natureza do problema.

Em Portugal destacam-se a CARS (Childhood Autism Rating Scale) e a CHAT (Checklist for Autism in Toddlers), já que são os instrumentos mais utilizados.

Avaliar para Intervir
Esta fase da avaliação implica que a avaliação seja direccionada para a intervenção. A análise funcional do comportamento é um percursor importante para a intervenção, já que permite ter uma ideia de como os factores ambientais afectam o comportamento da criança.

A prática da avaliação psicoeducacional pode favorecer a detecção precoce e a identificação das áreas educativas, em que se verificam mais dificuldades, permitindo também confirmar discrepâncias entre o funcionamento corrente e o desempenho esperado, o que pode permitir o diagnóstico dos défices particulares que não são facilmente visíveis.

Intervenção
Apesar de não existir cura para o autismo é possível reduzir algumas das limitações associadas. A intervenção terapêutica pode ajudar a diminuir os comportamentos indesejados e a educação deve ensinar actividades que promovam maior independência da pessoa com autismo. Todavia, assim como o autismo não é identificado por um único sintoma ou comportamento, não há abordagem que seja eficiente por si só.

A evolução do autista estará dependente de quatro diferentes vectores que se entrecruzam: identificação precoce da perturbação, severidade e tipo de problema, tipo de tratamentos, coordenação e relação entre dois meios de suporte. Só uma organização equilibrada destes factores no seu conjunto permitirá construir um melhor “ponto de apoio” para os diferentes níveis de intervenção: intervenção assistencial, intervenção educacional e intervenção psicológica.

Intervenção Familiar
Apesar de estudos de envolvimento familiar demonstrarem ser possível aos pais introduzirem mudanças importantes em determinados comportamentos dos seus filhos, isto ainda é difícil de concretizar.

Os pais podem e devem ser importantes aliados no processo terapêutico da criança autista, mas para tal apresenta-se essencial que sejam dotados de conhecimento e aptidões específicas nesse sentido. Por vezes, pode ser necessário auxiliar os pais a superar determinados obstáculos, devendo o psicólogo e/ou outros terapeutas estarem atentos e disponibilizarem-se para lhes prestarem apoio a todos os níveis.