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Skin-Picking

O Transtorno de Escoriação (ou skin picking) consiste na repetição crónica de tocar, arranhar, furar ou escoriar determinadas regiões da pele de modo intenso, acabando por provocar feridas, cicatrizes ou descolorações na pele.

Skin-Picking

O Transtorno de Escoriação (ou skin picking) consiste na repetição crónica de tocar, arranhar, furar ou escoriar determinadas regiões da pele de modo intenso, acabando por provocar feridas, cicatrizes ou descolorações na pele.

Por norma, o comportamento inicia-se com uma ferida, borbulha ou imperfeição na pele que a pessoa coça, não deixando cicatrizar; a necessidade de coçar vai aumentando ao longo do tempo.

O objetivo é tornar o local liso, suave, sem defeito, acabando por levar exatamente ao oposto (em casos mais graves, pode lesar a pele havendo deformações significativas, infeção ou dano tecidual permanente), ou pelo prazer/satisfação de retirar uma substância da pele.

A maioria das pessoas utiliza os dedos ou unhas para escoriar a pele, ou então objetos “auxiliares” (tais como pinças, alfinetes, etc), e podem passar horas a examinar a pele à procura de pequenas imperfeições e irregularidades, borbulhas, peles levantadas, etc.

Não são conhecidas causas para este comportamento, no entanto, parece ser uma tentativa de regular os níveis de excitação (em situações em que se sentem muito animadas ou muito entediadas), compensar sentimentos como a ansiedade e tristeza, ou aliviar sensações corporais desagradáveis. Os fatores que despoletam a escoriação da pele podem ser internos (sensações, pensamento, emoções) ou externos (lugares, actividades, coisas).

Aos poucos, este comportamento passa a ser utilizado como “escape” para a tensão, surgindo a necessidade de escoriação quando a pessoa se encontra em situações de maior ansiedade, stress, tristeza, pensamentos auto-críticos, sentimentos de monotonia, podendo trazer uma sensação de prazer (desta forma, são vistos como comportamentos “auto-calmantes” que fazem as pessoas sentir-se melhor, e não auto-mutilantes). Por norma, verifica-se aumento de tensão antes do comportamento e alívio após o mesmo.

Os locais mais comuns de realização deste comportamento são, por ordem de frequência, o rosto, costas, pescoço, couro cabeludo, orelhas, peito, cutículas, braços e pernas.

O skin picking não costuma ocorrer precocemente no período de desenvolvimento, mas sim por volta da puberdade ou mais tarde, afetando maioritariamente o sexo feminino.

Assim, a escoriação marca uma ferida física mas também psíquica, uma vez que ao agredir a pele a tensão é libertada, ou seja, a emoção passa a ter uma expressão física na pele, ficando registadas através de cicatrizes as experiências vividas mais marcantes e angustiantes. Permite aliviar o stress de um determinado processo mental cuja energia é desviada para um ato impulsivo, repetitivo e frequente de coçar, esfregar, arranhar ou arrancar a pele.

Critérios Diagnósticos – DSM-V

A. Beliscar a pele de forma recorrente, resultando em lesões.
B. Tentativas repetidas de reduzir ou parar o comportamento de beliscar a pele.
C. O ato de beliscar a pele causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
D. O ato de beliscar a pele não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., cocaína) ou a outra condição médica (p. ex., escabiose).
E. O ato de beliscar a pele não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., delírios ou alucinações táteis em um transtorno psicótico, tentativas de melhorar um defeito ou falha percebida na aparência no transtorno dismórfico corporal, estereotipias no transtorno de movimento estereotipado ou intenção de causar danos a si mesmo na autolesão não suicida).

Para ser considerado um comportamento impulsivo e patológico, tem que haver um padrão comportamental ou psíquico clinicamente significativo (deve ocorrer frequentemente, ser algo que ocupe tempo ou seja motivo de preocupação para o indíviduo), que cause sofrimento significativo (pensando em realizar o comportamento e resistindo a fazê-lo), dor ou deformidade, sentimentos de vergonha, disfunção ou prejuizo no funcionamento social, profissional, académica, lazer ou em outras áreas da vida.

A pessoa pode ter sentimentos negativos como constrangimento, vergonha e sensação de falta de controlo sobre o seu comportamento, escondendo ou camuflando as lesões e cicatrizes; por norma, estas pessoas já fizeram repetidas tentativas de reduzir ou parar o comportamento.

O skin picking está frequentemente associado a outras patologias, tais como TOC, tricotilomania, depressão major, e outros sintomas repetitivos centrados no corpo (ex. Onicofagia).

Intervenção

O tratamento do skin picking passa por uma combinação de psicoterapia cognitivo-comportamental e farmacoterapia.

A intervenção cognitivo-comportamental tem como objectivo a compreensão do sofrimento psíquico e a modificação do comportamento disfuncional, recorrendo a diversas técnicas, tais como:

ᴪ Identificação de pensamentos disfuncionais (padrões de pensamento negativos) e/ou comportamentos que causam danos à pele, identificando-os e modificando estes pensamentos por outros alternativos e mais funcionais; substituição dos comportamentos inadequados por comportamentos assertivos e/ou mais adequados;
ᴪ Auto-monitorização – reconhecendo o seu comportamento e tendo consciência do ato, os episódios compulsivos diminuem gradualmente;
ᴪ Descondicionar o comportamento recorrendo a estratégias que impedem a realização do mesmo (por exemplo, utilizar luvas finas para evitar escoriar a pele);
ᴪ Controlo de Estímulos – ajuda a pessoa a ter consciência do seu comportamento e identificar os desencadeadores do mesmo, aprender a reconhecer os sinais, de forma a que esteja melhor preparada para lidar com estas situações, e aprender a evitar os comportamentos destrutivos antes de acontecerem, bem como formas alternativas para lidar com os mesmos (sem a compulsão de escoriar a pele);
ᴪ Técnicas de resposta competidora – consiste em identificar atividades que se possam fazer utilizando as mãos ao invés de escoriar a pele;
ᴪ Técnicas de relaxamento, com o objetivo de ensinar o paciente a centrar-se em si mesmo, a controlar as suas respostas musculares, o que leva ao controlo da compulsão de escoriar a pele.

Paralelamente à intervenção cognitivo-comportamental, a intervenção farmacológica pode recorrer a anti-depressivos (inibidores seletivos de recaptação de serotonina); neurolepticos; antibióticos em casos nos quais se verifiquem infeções, ou cirurgia.

Em casos mais graves, pode também ser essencial o recurso a tratamento dermatológico.

É necessário haver muita motivação para se tratar por parte do paciente para que o tratamento tenha bons resultados.

Obrigado pelo vosso interesse e espero ver-vos em breve na nossa clínica em Lisboa.

Dr. Sérgio Filipe Pereira – Psicólogo em Lisboa
Clínica de psicologia ITAD
Psicólogo, Terapeuta da Fala e Terapeuta Ocupacional
Psicóloga na Clínica do Itad em Lisboa
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