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Afasia

“Bebo água pelo ___” é um exercício de reponsive naming, usado frequentemente na reabilitação do discurso em indivíduos com afasia.

Afasia

A afasia deve-se a uma lesão no sistema nervoso central e afeta a capacidade de compreender e formular linguagem. Não pode ser explicada por demência, alterações sensoriais ou motoras.
Existem vários tipos de afasia consoante o local da lesão e a combinação de parâmetros perturbados (fluência, nomeação, compreensão e repetição) – Broca, Wernicke, global, anómica, condução, transcortical motora, transcortical sensorial e transcortical mista.
A BAAL (Bateria de Avaliação de Afasia de Lisboa) é o teste standardizado mais usado em Portugal para especificar a tipologia da afasia, podendo esta variar ainda na sua gravidade, correspondendo o grau 0 ao comprometimento total do discurso e da compreensão e o grau 6 à ausência de alterações destes parâmetros.

Parâmetros de classificação das afasias
Para um discurso ser considerado fluente (fluência) deve ter um débito normal ou superior (entre 100 a 200 palavras/ minuto), diversidade de palavras, ausência de bloqueios, comprimento das frases normal (5/8 palavras por frase), boa articulação, ausência de alterações prosódicas (ritmo, melodia, etc), podendo ter parafasias (trocas de palavras) e alguns erros de concordância.
Considera-se que a compreensão auditiva (material verbal) está intata se for possível a identificação de objetos/ imagens, compreender frases e ordens e responder a perguntas dicotómicas (sim/ não).
A anomia é a dificuldade em nomear (dizer o nome) está perturbada em todos os tipos de afasia. Uma nomeação alterada inclui pausas, parafasias, circunlóquios (“é uma coisa que serve para…”) e frases como “sei o que é mas não me lembro do nome”.
Repetir é a capacidade de reproduzir algo dito por outrem. Para a repetição ser considerada preservada deve ser possível repetir palavras, dígitos e frases curtas.
Além destes 4 parâmetros, na afasia é possível existirem ainda perturbações da leitura, da escrita e dos gestos (compreensão e uso).

Tratamento
Existem vários métodos de intervenção na afasia cada um com abordagens distintas e destinado a utentes com determinadas caraterísticas ou tipos de afasia, como o Método de Entoação Melódica que usa a melodia e o ritmo como forma de terapia ou o PACE que parte do princípio que qualquer indivíduo afásico pode comunicar de alguma forma, pretendendo, de forma geral, todos eles aumentar a comunicação e a qualidade de vida do indivíduo.
A terapia deve iniciar-se quando o paciente sai da fase aguda, sendo importante a colaboração entre o terapeuta o paciente e a família e a informação da duração da intervenção, do prognóstico e das expetativas, sendo os aspetos positivos utilizados para melhorar os negativos, os objetivos repetidamente praticados e ensinadas algumas estratégias comunicativas compensatórias.

Compreensão auditiva

Fatores que promovem a compreensão:
– Dar um estímulo de alerta antes de produzir a mensagem;
– A face do interlocutor ser visível;
– Falar calma e pausadamente;
– Inexistência de ruído de fundo;
– Acompanhar os estímulos auditivos de estímulos visuais;
– Preferir frases simples e curtas na forma ativa;
– Reforçar o vocabulário familiar quotidiano (e dentro deste os nomes e verbos de ação);
– Apresentar um reduzido número de opções.
O tratamento da compreensão tem uma complexidade crescente desde a compreensão de material não-verbal à compreensão de material verbal oral (palavra isolada, frase e discurso).

Expressão verbal

Fatores que promovem a expressão:
– Encontrar um estímulo que provoque a resposta;
– Recorrer apenas a um estímulo mais forte quando um mais fraco não resultar;
– Diminuir gradualmente os estímulos adicionais para que os naturais evoquem a resposta;
– Começar pelas palavras de maior frequência e preferir a nomeação de objetos à de imagens (dentro destes são mais fáceis os manuseáveis e nas imagens as reais);
– Dar mais tempo de resposta;
– Estímulos visuais e auditivos simultâneos resultam melhor que apenas um destes isolado.
A reabilitação da expressão tem uma complexidade crescente desde a ausência de discurso, discurso automático, linguagem serial e nomeação à construção frásica (mesmo que telegráfica).

Leitura e escrita
A intervenção nas perturbações da linguagem e da escrita tem uma dificuldade crescente desde a escrita de automatismos, de palavras isoladas, de frases e de ditado até às respostas (por escrito) a questões e à redação.

Conselhos gerais no trabalho com o afásico
– Escolher um local calmo, evitar grandes grupos e não solicitar tarefas simultâneas a respostas;
– Não falar demais nem falar sobre o indivíduo como se ele não estivesse presente;
– Assegurar-se que o seu interlocutor está a compreender o que lhe é dito;
– Perguntar o que o pode ajudar, repetir informação, enfatizar palavras-chave, etc;
– Recorrer aos familiares sempre que necessário;
– Informar o indivíduo se algo não está a correr bem;
– Não apressar as respostas e incentivar a utilização de todos os meios de comunicação disponíveis (use-os também);
– Ser paciente e, se necessário, parar e tentar mais tarde.

Drª Alexandra Mestrinho
Terapeuta da Fala
Clínica de psicologia e terapia da fala em Lisboa ITAD
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