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Atraso de Desenvolvimento da Linguagem

Num atraso do desenvolvimento da linguagem (ADL) existe um ritmo mais lento na aquisição de todos os domínios da linguagem (fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática).

O que é o Atraso de Desenvolvimento da Linguagem?

Podemos considerar um ADL, quando as competências linguísticas da criança não estão de acordo com a sua idade, ou seja, apresenta um nível de linguagem inferior ao ideal para a sua idade. Estas crianças parecem estar ao nível de uma criança mais nova, como se estivesse numa etapa anterior à sua, mas paralela ao desenvolvimento normal, e a sua evolução é gradual e uniforme.
O meio em que a criança está inserida tem um papel determinante, normalmente estas crianças vivem num meio ambiente pouco estimulante, sendo que este facto tem grande influência no desenvolvimento da linguagem, podendo potenciar atrasos.
O atraso de desenvolvimento da linguagem não tem uma causa patológica manifestada, não apresenta defeitos nem distorções específicas, não apresenta sintomas de défices cognitivos, sensoriais e motores, e a linguagem não aparece na idade que deveria aparecer.

Quais as causas?
As causas podem estar associadas a uma patologia, podendo ser ela, a surdez, a perturbação neurológica, deficiência mental, alterações das estruturas maxilo-faciais e paralisia cerebral.
Por outro lado, podem existir causas não patológicas, podendo ser elas, atraso psicomotor, gaguez, bilinguismo, meio pouco estimulante, gémeos e superprotecção.

Quais são os sinais de alerta?
Nesta patologia podemos encontrar alterações tanto ao nível da compreensão como da expressão, sendo que nesta última são mais notórias.

Ao nível fonológico:
– Não palrar por volta dos 3-4 meses e não apontar aos 12 meses;
– Não dizer palavras aos 16 meses, não fazer expressões de duas palavras aos 2 anos e não construir frases aos 3 anos;
– Desenvolvimento fonológico muito lento, com persistência das simplificações próprias do desenvolvimento, para além do tempo normal e caraterísticas da fala infantil.

Ao nível da produção espontânea:
– Linguagem ininteligível para os pais aos 2 anos e para estranhos aos 3 anos, associada a gestos naturais;
– Não contar uma história aos 3 anos.

Ao nível da morfologia:
– Só utiliza a 3º pessoa, o presente e formas impessoais até aos 5 anos;
– Erros de concordância.

Ao nível da sintaxe:
– Justaposição de palavras na frase, sem elementos de relação, artigos, possessivos, pronomes pessoais, verbos auxiliares, até depois dos 4 anos;
– Frases com uma estrutura com média de 3 elementos;
– Não utilizam a coordenação nem a subordinação.

Ao nível da semântica:
– Vocabulário pobre e restrito, com palavras muito gerais.

Ao nível da pragmática:
– Estão apenas presentes a capacidade de intenção e de regulação, da conduta do outro e da satisfação das próprias necessidades.

Ao nível psicolinguístico:
– Dificuldades de perceção e de memória auditiva, que conduzem a uma utilização minoritária da escuta, potenciando a via visual, que deverá ser utilizada durante a intervenção.

Quais as caraterísticas?
As caraterísticas mais relevantes do atraso do desenvolvimento da linguagem são:
– Todos os domínios da linguagem estão alterados;
– As crianças começam a dizer as primeiras palavras mais tarde (2-3 anos);
– Pode haver omissão de sílabas em palavras compridas, usam maioritariamente frases simples e curtas e tem um vocabulário pobre, conhecendo apenas objetos familiares;
– Aquisição de verbos e pormenores mais tarde e têm dificuldades no uso do género, número e acordo verbal;
– Pouca iniciativa na comunicação, com dificuldades em iniciar e manter uma conversa e em respeitar os turnos de conversação;
– Podem existir alterações emocionais.

Avaliação:
A avaliação da linguagem deve ser de acordo com a idade da criança e avalia-se a área da compreensão e expressão verbal nos domínios da linguagem (fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática). Para fazer esta avaliação existe testes específicos.
Após uma boa avaliação consegue-se perceber quais as reais dificuldades da criança e como pode ser ajudada, se necessita de apoio técnico ou ser ajudada pelos seus pais de modo a desenvolver e optimizar a sua linguagem.

Intervenção:
Na intervenção no ADL é importante que os pais comuniquem de forma clara com as crianças, usando frases simples e curtas de acordo com a idade da criança.
Os pais e professores podem recorrer aos jogos para desenvolver a linguagem compreensiva e expressiva; devem falar todos os dias com a criança a fim de promover um ambiente linguístico rico; devem dar espaço e tempo parta que a criança responda; peça recados à criança que impliquem a fala socialmente; fale mais tempo com a criança sobre um tema de que ela goste, promovendo assim o tópico da conversa por mais tempo.

É muito importante ter paciência e incentivar a criança a comunicar, mostrando o interesse no que ela diz e não na forma como o faz.
O principal objectivo é ajudar a criança a desenvolver o gosto e o interesse pela comunicação, transmitindo que vale a pena e que é divertido.

Drª Sónia Rosado
Terapeuta da Fala na Clínica do Itad em Lisboa
Clínica de psicologia e terapia da fala ITAD
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