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Bullying e características

Com este texto pretende-se fazer uma reflexão sobre o bullying, começando por definir em que consiste, as características da vítima e do agressor, sinais que os pais devem estar atentos caso os filhos sejam vitimas deste tipo de comportamento, e estratégias que os pais e as escolas podem adoptar para prevenir e enfrentar este comportamento.

Bullying e características

Em Portugal, calcula-se que a incidência de vítimas de bullying é de cerca de 20%. O bullying apresenta 3 características essenciais, que o distinguem dos breves desentendimentos entre crianças, sendo elas:
1. A intencionalidade: O agressor pretende sempre maltratar e causar mal estar ao outro (vitima).
2. Frequência dos comportamentos: os comportamentos são repetidos ao longo do tempo e assumem um carácter continuado.
3. Desequilíbrio do poder: existem sempre uma criança que domina (agressor) perante uma criança que não se consegue defender (vitima).

O bullying pode assumir diferentes formas:
Física: agressão ou roubo.
Emocional: neste tipo de comportamentos a criança é excluída das relações e brincadeiras, ridiculizada, insultada ou intimidada.
Racista: A criança é excluída devido á cor de pele, diferenças culturais ou religiosas.
Ciberbullying: Neste tipo de agressão o jovem recorre à internet ou aos telemóveis para difamar o outro com comentários embaraçosos.
O bullying é um comportamento que causa muito sofrimento emocional e social á criança, podendo impedir a formação adequada da sua personalidade. Este tipo de comportamentos acontece com maior frequência no recreio e/ou periferia da escola.

Características das vítimas:
Qualquer criança pode ser vítima, mas há crianças mais vulneráveis. Verifica-se que as vitimas deste tipo de comportamento podem apresentar uma ou mais das seguintes características: ter uma aparência diferente (ex: excesso de peso, usar óculos); ter um comportamento passivo, ser pouco assertivo, introvertido e incapaz de se defender; ter problemas de saúde; ter dificuldades de aprendizagem; ser novo na turma ou na escola e/ou ser bom aluno.

Características dos agressores:
Os agressores são crianças com baixa tolerância à frustração que gostam de provocar, magoar e destruir para sentir que têm poder, ou seja, é uma necessidade de afirmação pessoal.
Comparativamente com os seus pares, são crianças com dificuldades em fazer amigos e não gostam da escola. O seu ambiente familiar, na maioria das vezes, é caracterizado por uma distância emocional, disciplina inconsistente ou muito punitiva e ausência de transmissão de valores e normas sociais.

Sinais que as vítimas de bullying evidenciam:
A maioria das vitimas de bullying evidenciam alguns sinais, aos quais os pais ou outros cuidadores devem estar atentos:
– Objetos escolares perdidos ou danificados
– Roupa rasgada, hematomas sem explicação aparente
– Perda de interesse pela escola ou desejo de mudar de escola rapidamente
– Perda súbita de amigos
– Isolamento
– Dificuldades de concentração
– Dificuldade em adormecer, pesadelos
– Receio/medo de sair de casa
– Baixa autoestima
– Diminuição do rendimento escolar
– Recusa em ir à escola
– Sintomas psicossomáticos, ou seja, dores de cabeça, barriga etc sem explicação física aparente.
– Alterações súbitas de humor
– Dificuldade em falar do que se passa na escola

Estratégias utilizadas para prevenir e atuar perante uma situação de bullying
Os pais e a escola devem atuar em simultâneo de modo a quebrar a dinâmica deste problema. Neste sentido, em seguida são enumeradas algumas estratégias que cada um destes intervenientes pode utilizar:

O Papel da Escola
A sensibilização em relação ao Bullying deve fazer parte do projeto educativo das escolas, envolvendo todos os membros que estão na escola (direção, professores, auxiliares, pais e alunos).
As escolas devem implementar programas de prevenção de bullying e assumir diretrizes para a promoção de um ambiente seguro, estabelecendo regras, direitos e responsabilidades junto de toda a comunidade escolar.

A prevenção deve também incluir a supervisão reforçada de todo o espaço escolar.
Os alunos e funcionários devem ser encorajados a participarem ativamente numa campanha antibullying
Cada turma pode criar as suas regras antibullying, tendo em conta as regras da escola
Criar uma caixa de recados. Ou seja, incentivar os alunos a não fazerem do bullying um segredo. Quem não quiser falar pessoalmente, pode recorrer a uma caixa de recados para o professor
As escolas devem ter um plano de ação para as situações de bullying. Devem conhecer, identificar e usar as suas competências para resolver este problema.

As escolas devem criar um grupo de mediação de conflitos que atua quando ocorrem problemas entre crianças, de forma a evitar que estes se agravem.
O Bullying é um problema complexo e de difícil resolução. Por isso, é fundamental que seja realizado um trabalho sério e continuado.

O Papel dos Pais
Os pais devem informar-se sobre o que é o bullying e conversar de forma aberta com os seus filhos, ensinando-lhes a evitar e a recusar comportamentos que prejudiquem os outros.
Os pais devem conhecer os amigos dos seus filhos.
Os pais devem ter disponibilidade para passar tempo de qualidade com os seus filhos e estarem informados com quem estão e onde estão os seus filhos quando não estão sobre a sua supervisão.

É importante atender aos programas de televisão que os seus filhos assistem, bem como aos jogos de consolas e/ computador, procurando reduzir a quantidade de violência a que são expostos.
Os pais devem reunir-se regularmente com o professor ou diretor de turma de modo a terem conhecimento da situação escolar dos seus filhos.
As crianças devem frequentar desportos e atividades que lhes despertem o interesse e que estimulem a cooperação e solidariedade.

A partilha e convívio com outras crianças com idades variadas (mais velhas ou mais novas) é importante porque promovem a oportunidade de desenvolver competências sociais e relacionais.
É importante que os pais ensinem às crianças regras sociais e como resolver conflitos sem recorrer à agressão.
A criança deve ser incentivada a contar aos pais qualquer problema que ocorra na escola, sem ser julgada ou criticada.

Drª Cecília Carvalho
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