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Comunicação Aumentativa e Alternativa

Comunicar consiste na transmissão de uma mensagem por parte de um emissor para um recetor, através de determinado canal.

Comunicação Aumentativa e Alternativa

A comunicação alternativa contempla qualquer forma de comunicação que não seja a fala, enquanto que a comunicação aumentativa significa promover e apoiar a fala.
A comunicação pode ser sem ajuda quando a pessoa produz a sua comunicação, não necessitando de qualquer apoio material ou com ajuda nos casos em que necessita deste suporte. Pode ainda ser independente quando a mensagem é totalmente formada pelo indivíduo sem necessitar de alguém que interprete (como acontece com a fala digitalizada) ou dependente nos casos em que é necessário alguém que interprete (traduza) os signos gráficos ou gestuais.

Para os indivíduos que apresentam um nível de compreensão superior à sua reduzida capacidade de expressão (ex.: deficiência motora), para aqueles que precisam de uma linguagem de apoio à fala (porque esta ainda tem possibilidades de se desenvolver ou como recurso quando não se fazem entender) e para quem necessita de uma linguagem alternativa como meio de comunicação (exs: indivíduos com autismo ou deficiência mental profunda) os signos gráficos (representações gráficas da realidade), gestuais (gestos representativos) ou tangíveis (objetos reais, miniaturas ou partes de objetos que representam o próprio item ou simbolizam outros) constituem as melhores formas de comunicação.

Signos
Os signos são representações usadas para simbolizar algo.
Os signos gestuais podem corresponder às línguas gestuais, próprias de cada país, (ex.: língua gestual portuguesa) que apresentam sintaxe diferente da língua falada ou a sistemas de gestos que seguem a estrutura da linguagem falada (ex.: português gestualizado). Uma das vantagens é poderem usar-se por toda a parte, não precisando de apoio material como acontece com os símbolos gráficos, sendo estes últimos, todavia, mais facilmente compreensíveis que os signos gestuais.
Os signos gráficos vão desde as tabelas de apontar até tecnologias de apoio. Existem vários sistemas sendo alguns dos mais conhecidos o Bliss, o PIC e o SPC. Normalmente são legendados com o nome do signo (glosa).

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Para utilizadores com um bom desempenho cognitivo e social um sistema gráfico poderá ser mais utilizado enquanto que, para um indivíduo com menos capacidades e que está predominantemente em casa um sistema gestual poderá ser uma melhor opção já que, normalmente, implica poucos gestos e apenas um reduzido número de interlocutores necessita aprendê-los.
A escolha de um sistema gráfico depende, em grande parte, do nível de compreensão do utilizador. Por exemplo, o sistema Bliss exige melhor compreensão que o PIC e o SPC.

Os signos tangíveis são pouco práticos e pode ser difícil conseguir-se algum grau de abstração quando se deseja que um objeto passe a representar uma ação ou acontecimento em vez do próprio objeto em si.
As maiores dificuldades na aprendizagem de um sistema aumentativo ou alternativo prendem-se com o tempo de aprendizagem e de generalização das aprendizagens, com a passividade e dependência, com problemas comportamentais, que tendem a diminuir, todavia, com o aumento da capacidade comunicativa.

Conselhos para pais e educadores na seleção dos primeiros signos
A escolha dos signos deve basear-se na sua utilidade e nos interesses de quem os vai utilizar. Não devem ser escolhidos signos de itens que o indivíduo já sabe comunicar (tal implicaria uma perda de competências) e os primeiros signos devem ser específicos (respeitantes a atividades e objetos concretos). Há que ter em atenção que os comportamentos repetitivos aquando da utilização dos signos podem ser interpretados como o significado do signo (ex.: se dou um balão à criança por ela ter usado corretamente os signos “bolacha” e “leite” ela pode achar que ambos significam balão). Para a assimilação e fluência do uso cada signo deve ser usado frequentemente.

Crianças com graves problemas motores não devem usar sistemas gestuais, optando-se pelos gráficos onde só é necessário apontar (com as mãos, os olhos, os pés, etc). Para pessoas com graves problemas cognitivos o uso de gestos (que podem ser simplificados) parece resultar melhor relativamente aos signos gráficos. Nestes casos é importante saber que os gestos simples, aqueles em que se toca no corpo, que são realizados com as duas mãos e que são simétricos são mais fáceis de executar que os restantes.

No caso de indivíduos com problemas visuais podem existir dificuldades em perceber os gestos feitos por outros ou em distinguir certos símbolos (podendo estes ser alterados), pode ser necessário usar só uma parte da tabela (no caso de alterações do campo de visão). Relativamente a perturbações graves da visão pode optar-se por tecnologias de apoio com fala artificial em que o teclado possui teclas com diferentes texturas, permanecendo sempre cada frases/ palavra na mesma tecla.
Existem ainda determinadas perturbações da linguagem que apresentam como sintoma caraterístico as dificuldades de discriminação auditiva pelo que, neste caso, os signos escolhidos não devem corresponder a palavras homófonas ou homógrafas.
Normalmente, tanto para a aquisição dos signos gráficos como gestuais considera-se a iconicidade uma prioridade, sendo que esta se refere à semelhança entre a execução ou aparência de um signo e o próprio item em si.

Dra. Alexandra Mestrinho
Terapeuta da Fala do ITAD
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