Disfonia Infantil
A disfonia infantil é caracterizada pela alteração de alguns parâmetros vocais que resultam em alterações na qualidade do som, no timbre, no pitch ou na intensidade.
O que é a Disfonia Infantil?
É uma alteração na voz, em relação à sua voz natural. Pode apresentar-se por rouquidão, voz fraca, palavras ou sílabas que saem sem som, cansaço ao falar, entre outros.
A disfonia infantil define-se como uma alteração na voz das crianças em que o seu papel comunicativo está prejudicado, comprometendo assim a mensagem verbal e emocional.
A disfonia infantil está incluída nos distúrbios da comunicação. É comum que possa estar associada a outros distúrbios, como, perturbações da linguagem, perturbações fonéticas e problemas de audição.
É frequente que as crianças sigam o modelo de padrão vocal dos pais durante a conversação, ou seja, a forma como falam, a velocidade que usam e a atitude de conversação com os outros elementos da família
Algumas das crianças com distúrbios vocais são caraterizadas como hiperativas, agressivas, com tendência à liderança, falam excessivamente e com intensidade forte, podendo também apresentar um perfil emocional de uma criança ansiosa e agitada.
Qual a sua etiologia?
As disfonias dividem-se segundo a sua etiologia em: funcionais, orgânico-funcionais e orgânicas.
As disfonias funcionais apresentam como base as alterações no comportamento vocal e estão divididas em:
Disfonias funcionais primárias são causadas por uso incorreto da voz, quando há um uso incorreto da voz por falta de conhecimento vocal ou por modelo vocal inadequado.
Disfonias funcionais secundárias são causadas por inadaptações vocais, tais como: assimetria laríngea e fendas.
Disfonias funcionais por causas psicogénicas, relacionadas com a componente emocional.
Nas disfonias funcionais é muito raro que a criança se aperceba da disfunção vocal, sem lesão nas suas cordas vocais.
As disfonias orgânico-funcional referem-se ao aparecimento de uma lesão no exame otorrinolaringológico decorrente do abuso e mau uso vocal. São exemplos dessas lesões os nódulos vocais, os pólipos vocais, o edema de Reinke, a úlcera de contacto, os granulomas e a leucoplasia.
Os nódulos vocais são apontados como um dos principais fatores etiológicos das disfonias infantis, contudo, podem ocorrer outras lesões laríngeas como os quistos, pontes de mucosa e sulcos vocais.
As disfonias orgânicas não estão relacionadas com o uso da voz e apresentam diversas causas. Podendo ser por alterações com origem nos órgãos da comunicação, como malformações congénitas, traumáticas, inflamatórias, neoplásicas e problemas auditivos. Podem ainda ser por alterações em outros órgãos e aparelhos: endocrinológicas, desordens neurológicas e psiquiátricas, doenças renais, autoimunes e por refluxo gastro esofágico. Uma patologia infeciosa muito comum na infância é a papilomatose. Esta patologia é caracterizada pela mudança do caráter das células sob certas influências externas, muito comum nas cordas vocais.
Como se avalia?
O Terapeuta da Fala realiza uma avaliação percetivo-auditiva e uma avaliação acústica, para que desta forma consiga detetar as alterações vocais.
A avaliação percetivo-auditiva é uma análise subjetiva de uma amostra vocal produzida pelo falante com queixas na voz.
A avaliação acústica refere-se a medidas objetivas, computadorizadas, que complementam a avaliação percetivo-auditiva. A análise acústica fornece dados que complementam as informações para o diagnóstico, também possibilita o acompanhamento da evolução da disfonia através da observação de mudanças por parte da própria criança, pais e acompanhantes.
Para a realização do diagnóstico diferencial das disfonias o otorrinolaringologista também tem um papel importante, pois tem a capacidade de fazer uma avaliação que identifica o problema laríngeo apresentado pela criança. Estudos dizem que o uso de avaliação percetivo-auditiva, associada a avaliações objetivas como a laringoscopia e análise acústica é essencial para um correto diagnóstico. A avaliação do otorrinolaringologista e do terapeuta da fala são complementares para uma melhor avaliação e intervenção dos casos de disfonia.
Intervenção do Terapeuta da Fala:
A intervenção da Terapia da Fala em crianças disfónicas pode ser contraindicada, nos casos em que existe obstrução da via aérea, nestes casos deve existir uma intervenção cirúrgica.
Para que uma intervenção em Terapia da Fala seja eficaz deve começar por identificar abusos e maus usos vocais, para que sejam diminuídos tais comportamentos. De seguida devem ser utilizadas técnicas de terapia que vários autores definem como “abordagens de facilitação”. Estas são, meios de facilitação, ou seja, o terapeuta da fala experimenta uma abordagem de terapia particular com o objetivo de facilitar a produção de uma voz melhor. O tipo de abordagem de facilitação escolhida para cada criança varia, pois o que resulta num caso pode ser desapropriado em outro.
A duração média de uma intervenção em Terapia da Fala é de três a seis meses. Contudo, cada caso é um caso e o tempo exato depende do tipo de problema da criança, bem como da sua adesão ao tratamento.
Orientações pais e professores:
– Falar num tom calmo e de intensidade mais baixa para a criança, assim ajudará a criança a perceber que conversar é uma atitude agradável;
– Pedir em vez de ordenar: em vez de “cala-te” devem dizer por exemplo “Fazes-me doer a cabeça quando falas tão alto”;
– Prestar atenção ao que a criança quer dizer, ensinando-lhe a esperar pela sua vez e a participar nas conversas;
– Controlar a sua atitude vocal: não use o grito para chamar, deste modo a criança imitará esse comportamento;
– Incentivar as crianças a beber muita água;
– Estimular as crianças a comerem maçã porque possui propriedades que ajudam na limpeza da boca e da faringe;
– Dizer às crianças para olharem para as pessoas quando estão a falar;
– Estar atentos às alterações na voz da criança e se notarem alguma alteração por um tempo prolongado procurar um terapeuta da fala;
– Evitar ambientes frios, com ar condicionado, fumo, pó, pois secam a laringe e irritam-na.
Dra. Sónia Rosado
Terapeuta da Fala do ITAD
Clínica de psicologia e terapia da fala em Lisboa
Av. Almirante Reis nº59 1ºEsq 1150-011 Lisboa – Portugal
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