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Erros Fonéticos ou Fonológicos

Durante o processo de aquisição da linguagem, a criança está exposta a diferentes estímulos, que ao longo do tempo vai percebendo que esses sons constroem palavras que servem para comunicar com os outros, adquirindo assim o sistema fonológico, que lhe irá permitir diferenciar os sons da fala e evitar erros fonéticos ou fonológicos.

Tipologia de Erro: Fonético ou Fonológico

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Para o desenvolvimento da fala é necessário o desenvolvimento de duas capacidades: o conhecimento fonético e fonológico. Enquanto a fonética está associada à forma como os sons são produzidos pelos falantes, a fonologia foca-se sobre o modo como estes sons são usados na linguagem.
Segundo dados da ASHA, em 2006 cerca de 91% dos terapeutas da fala acompanhavam casos de perturbações fonológicas ou articulatórias. Bowen (2009) afirma que cerca de 15% das crianças com 3 anos apresentam limitações ao nível da inteligibilidade do seu discurso e que 8% das crianças entre os 3 e os 11 anos de idade evidenciam algum tipo de perturbação fonológica.

Em Portugal existem poucos estudos que nos permitam apurar qual a percentagem de perturbações articulatórias e fonológicas. Uma investigação realizada na zona de Aveiro, com uma amostra de 630 crianças, mostrou que a perturbação com maior prevalência foi a fonológica.
Torna-se assim importante diferenciar estas perturbações uma vez que são as que ocorrem em maior número na comunidade infantil, podendo repercutir-se a nível social e escolar, se não forem diagnosticadas atempadamente.

PERTURBAÇÃO FONÉTICA
A Perturbação Fonética ou Articulatória, ocorre devido a fatores orgânicos ou funcionais, na força, como variações no tónus, execução de certos movimentos na boca o que levam a uma alteração na execução dos movimentos motores dos órgãos responsáveis pela produção da fala. Também a mastigação, respiração e deglutição podem estar alteradas. O que faz com que a criança não consiga realizar o movimento correto para a produção de determinado som.
Neste tipo de perturbação, o erro aparece em todas as posições da palavra e é consistente, ocorrendo em todas as palavras que tenham os sons alvo.

PERTURBAÇÃO FONOLÓGICA
A Perturbação Fonológica, relaciona-se com a dificuldade que a criança apresenta na organização mental dos sons da sua língua, e em perceber como estes estão organizados para formarem uma sílaba ou palavras com significado. Ao contrário da perturbação fonética ou articulatória, a execução dos movimentos motores encontra-se adequada, e o erro poderá ser consistente ou inconsistente, podendo aparecer no início, no meio ou no fim da palavra.

PERTURBAÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA
Em muitos casos as duas perturbações podem estar presentes, e isso acontece quando a criança tem dificuldade em produzir ou realizar os sons da fala, do ponto de vista físico ou motor (fonética) e em consciencializar os fonemas da sua língua (fonologia).

COMO AVALIAR ESTAS PERTURBAÇÕES?
Para o correto diagnóstico é necessário recolher informação relativa a aspetos como os fatores estruturais, a existência de dificuldades de coordenação motora e sensoriais, o desenvolvimento da linguagem e a fatores ambientais ou evolutivos. Para além destes aspetos, é necessário identificar-se os erros articulatórios propriamente ditos. Para isso, analisar amostras de fala espontâneas e aplicar testes de articulação, tais como: Teste de Articulação Verbal (TAV); Teste Fonético-Fonológico – Avaliação da Linguagem Pré-Escolar (TFF-ALPE); Prova de Avaliação da Articulação de Sons em Contexto de Frase para o Português Europeu.

CONCLUSÃO
Desta forma, é importante que este tipo de problemática, seja sinalizada o mais precocemente possível, para que se possa diminuir os efeitos negativos que estas dificuldades poderão ter ao nível da aquisição da leitura e da escrita. Assim sendo, cabe aos pais, professores e a quem rodeia a criança estarem atentos aos sinais demonstrados pela criança ao nível das dificuldades articulatórias e procurar um profissional para trabalhar estas mesmas dificuldades. Perante estas dificuldades pais e educadores devem recorrer a um técnico especializado, o terapeuta da fala, para que este possa realizar uma avaliação detalhada.

ESTRATÉGIAS PARA PAIS E EDUCADORES
Para que exista o bom desenvolvimento da criança nestas problemáticas, é necessário a colaboração ativa entre pais, educadores e terapeuta da fala.
Ficam aqui algumas estratégias que irão facilitar as aprendizagens das crianças com dificuldades na fala:
– Não transmitir ansiedade e demasiadas expectativas à criança, uma vez que estas problemáticas levam algum tempo a ser melhoradas;
– Não imitar a criança quando esta comete um erro ao falar;
– Dar sempre um modelo de fala correto;
– Dar-lhe tempo para produzir o seu discurso, sem apressá-la;
– Incentivar a criança a expressar-se oralmente em qualquer situação;
– Valorizar sempre as aprendizagens, mesmo quando estas ocorram de forma mais lenta;
– Realizar atividades que estimulem a fala (jogos, leitura de histórias, teatros com fantoches, etc.);
– Realizar jogos com o intuito de ensinar como e onde se produz cada som;
– Realizar atividades com sílabas, palavras ou frases onde ocorre aquele fonema, e em que parte da palavra é que o conseguimos ouvir;
– Explicar aos amigos da criança as suas dificuldades, para que estes a possam ajudar e não a tornem alvo de troça.

Dra. Cláudia Rosa
Terapeuta da Fala em Lisboa do ITAD
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