Gaguez
A gaguez é uma alteração da fluência verbal, uma maneira de falar que não flui, pois possui algumas ou muitas interrupções e que para o ouvinte é considerada como “anormal”.
Explicação e tratamento da gaguez no ITAD
Os parâmetros mais comuns na gaguez são a repetição de sons: “p p p porque”; a repetição de sílabas: “ca ca ca cabeça”; a repetição de palavras: “eu eu eu não vi nada”; a repetição de frases: “eu vou eu vou sair agora”; os sons prolongados: “s s s sai de perto”; as interjeições: “eu vi tá eu vi você…tá no café”; e os sons bloqueados: “na c c c (mudo) casa dela”.
A avaliação em terapia da fala deverá ser realizada através de uma anamnese, de modo a recolher dados acerca da criança (nome, morada, data de nascimento, agregado familiar, situação escolar,…), assim como dados acerca da gaguez (idade em que surgiu, a que situação está associada, as características, as reações da criança,…). Na avaliação deve ainda obter-se informação acerca dos antecedentes familiares, da história clínica da criança e acima de tudo deve se avaliar a motivação da mesma (o que espera da terapia?).
Durante a avaliação deve-se utilizar um gravador, de modo a obter-se um registo objetivo da avaliação, para que se possa mostrar à criança os detalhes da sua fala, e para que posteriormente as gravações possam ser analisadas, discutidas e comparadas.
Como provas de avaliação utiliza-se o diálogo (conversação), a linguagem expressiva (comentário e/ou descrição) e a leitura em voz alta, bem como escalas de avaliação e escalas de informações das condutas e atitudes da pessoa/criança face à sua gaguez.
Após a avaliação dever-se-ão definir os objetivos do tratamento: eliminar a sintomatologia associada à gaguez e aumentar a fluência.
A intervenção na criança com gaguez pode basear-se nas técnicas de facilitação da gaguez, com base nas quais é pedido às crianças que alonguem a 1ª silaba de cada palavra, de modo a que transformem as palavras difíceis em palavras elásticas, explicando-lhes que quando se estica a palavra como se ela fosse um elástico, é muito mais fácil dizê-la.
Por exemplo:
Devem ser utilizadas várias palavras através da mesma técnica até que a criança compreenda a ideia: pedir à criança para repetir palavras difíceis mas esticadas: caramelo (ca…ra…me…lo).
Quando a criança já sabe ler é-lhe pedido para ler pequenas frases, esticando a primeira parte da primeira palavra de cada linha. Se a criança ainda não lê, é-lhe pedido para repetir o que a terapeuta lê.
Em cada sessão são trabalhadas novas palavras, são feitos jogos, onde a terapeuta lê as palavras e a criança repete-as de modo elástico e vice-versa. Com o decorrer das sessões devem-se ir acrescentando itens, tais como uma conversa do interesse da criança sem qualquer interrupção ou reação à sua gaguez, um jogo de palavras elásticas com lista de palavras, ou ainda, uma leitura para a prática de palavras elásticas, etc.
A terapia indireta com os pais tem também um papel essencial na evolução da criança face à gaguez, na medida em que os pais podem dar continuidade do trabalho realizado pela terapeuta da fala, em casa.