Ansiedade nas crianças
A Ansiedade nas crianças é bastante comum. Quando se fala em Ansiedade, fala-se em sintomas como dores de barriga, dores de cabeça, vómitos, mãos suadas, palpitações, medo, preocupação e pesadelos. No entanto, trata-se de uma emoção protetora face a ameaças ou situações perigo, desde que não seja excessiva.
Ansiedade nas crianças
O que é?
A entrada na escola, a realização de um exame, estar longe das figuras parentais, são situações pontuais nas quais uma criança se poderá sentir ansiosa. No entanto, se a ansiedade surge na criança na ausência de situações ameaçadoras ou perigosas, podemos estar perante uma Perturbação da Ansiedade. Para que a criança se enquadre neste diagnóstico, os sintomas terão de estar presentes por um período determinado.
Não deve estranhar se a criança começar a recusar-se a ir à escola, dormir mal ou rejeitar a alimentação, por exemplo. Podem ser sinais de alerta. Por norma, a criança encontra-se geralmente preocupada, deprimida, irritada e angustiada. Todas estas manifestações pertencem a um conjunto de comportamentos internalizantes, logo, corremos o risco de não estar devidamente atentos a estes sinais e confundir a Ansiedade nas crianças com “timidez”, “imaturidade” ou com “o excesso de mimo”.
Do ponto de vista da prevalência, as Perturbações de Ansiedade nas crianças fazem parte das patologias mais frequentes depois das Perturbações do Comportamento. De acordo com estudos desenvolvidos, o género mais vulnerável a estas perturbações são as raparigas. A Ansiedade é mais frequente surgir nas crianças antes da entrada na adolescência e especialmente na transição de ciclos, muitas vezes do 1º ciclo para o 2º ciclo escolar.
A Ansiedade nas crianças poderá ser caraterizada através de diferentes tipos: Perturbação de Ansiedade de Separação, Perturbação de Ansiedade Social/Fobia Social, Fobias Específicas, Perturbação Obsessivo-Compulsiva, Perturbação de Ansiedade Generalizada, Perturbação de Pânico, com ou sem Agorafobia. A Perturbação de Ansiedade de Separação é a mais comum na primeira infância, atingindo 4% das crianças e adolescentes jovens. Este tipo de Ansiedade será abordado num outro capítulo.
Fatores de Risco
De acordo com a literatura, a ansiedade nas crianças surge facilmente como o resultado de sentimentos de inadequação ou inferioridade perante contextos vistos como “ameaçadores”.
Pais excessivamente exigentes, críticos e perfeccionistas poderão aumentar a tensão e pressão nos filhos para que estes correspondam às suas expetativas e exigências. No mesmo sentido, sabe-se que crianças com níveis de autoestima e auto confiança baixos, terão maior probabilidade de desenvolver perturbações do foro da ansiedade, uma vez que ficarão “presas” a sentimentos de desconfiança e receio.
Da mesma forma, uma criança que é constantemente rebaixada, humilhada ou negligenciada pode tornar-se ansiosa na relação com os outros.
O facto de a criança viver uma experiência negativa significativa poderá ser também um fator ansiogénico, por exemplo, se a criança assiste a uma morte ou interage com uma figura que a censura exageradamente.
As discussões familiares constituem igualmente outra fonte de Ansiedade na criança. Ambientes familiares conflituosos, muito “stressantes”, sem rotinas não favorecem um sentimento de segurança à criança.
Consequências
A tristeza será certamente uma “bengala” da Ansiedade. Sintomas relacionados com a depressão como o choro e a apatia também poderão ser evidenciados. A criança sente-se perturbada, não sabe exactamente o que sente nem consegue falar sobre isso, o que a leva a sentir-se frequentemente incompreendida e a ter necessidade de se isolar. Esta situação sucede pela ausência do reconhecimento das próprias emoções. A Ansiedade nas crianças manifesta-se ainda pela insegurança, perceção de incompetência face aos colegas e pares, baixa autoestima e inibição na realização das tarefas que lhe são apresentadas. Nalguns casos, surge sob a forma da resposta agressiva. Em suma, denotam-se padrões de comportamento desajustados.
Intervenção
Tratando-se de uma patologia clínica, cujos índices de bem-estar mental estão afetados, a Ansiedade nas crianças necessita de uma intervenção psicoterapêutica, realizada por um psicólogo especializado na saúde mental infantil. Poder-se-á também ter em conta um tratamento farmacológico, como um coadjuvante desta abordagem.
Conselhos a Pais
– Deve tranquilizar a criança, tanto quanto possível, adotando uma atitude firme que transpareça segurança;
– Não se deve ignorar a situação. Converse com a criança calmamente, tente compreendê-la e evite julgá-la para que se sinta mais confiante a enfrentar os seus medos;
– Tendo em conta a sua idade, explique à criança que todos nós nos sentimos mais tristes por vezes mas que podemos ultrapassar essas situações – ajude-a a diminuir a ansiedade e transmita confiança
– Ensine a criança a sentir-se mais tranquila quando se sentir triste (por exemplo, pensar em coisas boas, ouvir uma música, respirar fundo)
– Ajude a criança a identificar e nomear sentimentos
– Tente elogiá-la o maior número de vezes possível, mesmo que a tarefa que conclua não tenha sido completamente bem-sucedida – usar o reforço positivo
– Em casa, atribua-lhe pequenas responsabilidades e peça a sua ajuda para que se sinta mais últil e confiante – incentivar a autonomia
– Acompanhe a criança no seu adormecer – leia uma história para que adormeça mais tranquila
– Ajude-a a pensar em soluções perante os problemas (pergunte qual o seu objetivo, opções e consequências)
Dra. Cláudia Silva
Psicóloga na Clínica do Itad em Lisboa
Clínica de Psicologia e Terapia da Fala em Lisboa
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