Resiliência
O que é a Resiliência?
A Psicologia Positiva visa compreender o indivíduo e as suas potencialidades, bem como os processos psicológicos envolvidos no altruísmo, felicidade ou otimismo. Dentro desta perspetiva, surge o conceito de Resiliência, que se foca nos processos envolvidos em situações de stresse e de trauma.
Efetivamente, é surpreendente como os indivíduos resilientes conseguem ultrapassar situações adversas como perdas, desastres e guerras.
Por exemplo, num dos mais traumáticos períodos da história da Humanidade, o Holocausto,as pessoas viveram e assistiram a situações horrendas e atrozes. Nos campos de concentração passava-se fome, frio, as pessoas eram sujeitas a humilhações e assistia-se a acontecimentos de uma crueldade inenarrável, no entanto, as continuavam a ter motivação para (sobre)viver. Apesar de não terem esquecido o terror em que viveram, mais tarde, as vítimas casaram, tiveram filhos, conseguiram trabalhar ativamente na comunidade e eram considerados bons pais.Pode-se dizer que a resiliência é o fator que distingue um individuo que, perante uma grande perda, consegue ultrapassar o trauma e atinge bons resultados e o que se deixa abater por essa situação.
A Resiliência é, assim, um processo em que o indivíduo consegue ultrapassar situações de stresse ou adversidade e voltar ao nível de bem-estar antes de se deparar com a situação traumática. Existem algumas características individuais e ambientais que funcionam como fatores protetores neste processo e que facilitam o sucesso do indivíduo, nomeadamente:inteligência, compreensão de si mesmo, autoestima, vinculação segura, competências relacionais, regulação emocional, temperamento, atenção, religiosidade, perspetiva de futuro, entre outras. Por outro lado, existem fatores associados ao insucesso e que influenciam a forma como o indivíduo enfrenta os acontecimentos adversos. São eles o nascimento prematuro, o divórcio dos pais, os maus tratos, psicopatologia parental, pobreza, guerra e desastres naturais.
Deste modo, a criança ou jovem resiliente possui expectativas altas em relação a si próprio e ao que o rodeia, locus de controlo, autoestima, autoeficácia e autonomia;são socialmente competentes, resolvem problemas com relativa facilidade, são independentes, possuem sentido de oportunidade,são introspetivos, têm sentido de humor, criatividade e moralidade. Assim, fatores como a presença de boas relações pais-filhos, a ligação a outros significativos competentes, a ligação a adultos, boas capacidades intelectuais, áreas fortes definidas, ser elogiado, autoeficácia, esperança, religiosidade, vantagens socioeconómicas, boas escola e comunidade são bons preditores de resiliência nas crianças.
Como se pode promover a Resiliência?
Sabendo que existem crianças que não conseguem ultrapassar as dificuldades e apresentam comportamentos delinquentes, insucesso e abandono escolar, urge adotar uma atitude preventiva e promover a Resiliência.É importante promover recursos que consigam desenvolver fatores protetores, tendo em conta que as crianças irão passar certamente por situações adversas, de grau de gravidade variável.
Seguem-se algumas estratégias a ter em conta nos contextos familiares e escolares, considerando sempre a faixa etária em que a criança se situa.
Estratégias para o contexto familiar:
• Verbalizar expetativas elevadas e dar feedback positivo cada vez que a criança vá ao encontro do que é esperado;
• Transmitir confiança nas suas capacidades, de modo a desenvolver sentimentos de autoestima, autoeficácia autonomia e otimismo;
• Encorajar a participação da criança nas tarefas e atividades familiares, por exemplo, fazer pequenos recados, ajudar na lide doméstica, promover momentos lúdicos de passeio ou jogos em casa, conversas sobre a escola e outros aspetos da vida da criança, levar a criança a participar nas tomadas de decisão;
• Fomentar a socialização com pares, de forma a criar redes de amizades;
• Adotar regras consistentes e não tolerar o seu incumprimento;
• Promover uma relação baseada na confiança, empatia, atenção, disponibilidade, respeito e bons modelos comportamentais;
• Incentivar a criança a participar em atividades na comunidade, por exemplo, escoteiros, desportos de equipa, clubes de leitura, associações pelo ambiente, associações de estudantes;
• Manter o contacto regular com a escola.
Estratégias para a escola:
• Desenvolver um ambiente amigável entre alunos e docentes;
• Mostrar expetativas elevadas relativamente ao desempenho dos alunos;
• Favorecer a tomada de decisão, recorrendo a atividades tais como o debate, jogos de papéis;
• Favorecer a responsabilização, incluindo, por exemplo, o aluno na formação das regras da sala de aula;
• Promover atividades de conhecimento da comunidade, para que aluno conheça a comunidade onde está inserido e incentive o sentimento de pertença.
Dtra Raquel Baia
Psicóloga em Lisboa do ITAD
Clínica de psicologia e terapia da fala em Lisboa ITAD
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