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Jovens, álcool e binge drinking

Jovens, álcool e binge drinking – Os adolescentes ainda estão em desenvolvimento, físico e mental, portanto beber durante este período de desenvolvimento pode ter graves consequências, principalmente em termos cerebrais.

Jovens, álcool e binge drinking

Álcool, termo bastante conhecido e utilizado para designar o etanol, o resultado da fermentação do açúcar existente em vegetais, frutos, raízes ou obtido por destilação.

Esta substância deve ser tão antiga como a existência da própria humanidade. Existem evidências de que a civilização egípcia consumia bebidas fermentadas, os babilónios adoravam uma deusa que protegia o vinho e na Grécia uma das primeiras bebidas alcoólicas foi o hidromel.

Ao longo do tempo, o álcool foi adquirindo várias facetas: religiosa, em que Dionísio e Baco foram os seus expoentes máximos, na cultura greco-romana, na liturgia cristã, o vinho tem um significado especial; comercial, principalmente na altura da expansão europeia; medicinal, no século XVI; recreativa a partir do século XVIII, em que o álcool se consumia socialmente, tendo-se expandido o seu consumo.

Claro que os problemas associados ao consumo excessivo desta substância também começaram a manifestar-se mas só no século XX surgiu uma mudança de atitude, de modo a promover um consumo mais moderado de álcool.

Facto consumado é que o álcool continua muito associado à vertente social e recreativa, é fácil adquiri-lo e o seu consumo continua a atrair uma faixa etária específica – os adolescentes.

Porque bebem os adolescentes? Que motivos os conduzem a consumir álcool, ao ponto de se intoxicarem severamente?
Podem ser vários os motivos: identificação com o grupo de pares, desejo de reconhecimento e de emancipação, descoberta de novas experiências e sensações, simples curiosidade, até situações mais complexas como pobreza, famílias disfuncionais, carências sociais e afectivas.

A verdade é que o álcool está cada vez mais presente na vida dos jovens, uma vez que está muito associado a espaços de diversão noturna, música e dança. Isto, em conjunto com a sua venda legal, com uma menor estigmatização do seu consumo (comparativamente com outros tipos de substâncias) tem aumentado, de forma exponencial, tanto o experimentar bebidas alcoólicas cada vez mais cedo, como o desenvolvimento de padrões de consumo de alto risco – o binge drinking. Este termo não tem tradução literal em português mas a ideia é o consumo rápido e excessivo de bebidas alcoólicas, para rapidamente chegar ao estado de embriaguez.

Este consumo de alto risco pode conduzir a vários danos físicos, emocionais e sociais, bem como potenciar outros comportamentos nefastos, como acidentes de viação, comportamentos sexuais de risco ou consumo de drogas ilícitas.

Outro problema associado a este novo padrão de consumo de álcool tem sido a idade com que esse consumo se inicia: em média por volta dos 14 anos. Ora, se em muitos casos, os adolescentes apenas querem experimentar, o facto é quanto mais cedo estes hábitos se iniciam, também maior é a probabilidade de sofrerem de dependência alcoólica.

Porque é o álcool tão prejudicial?

Ainda que legal, o álcool não deixa de ser uma droga. Está classificada como depressora, porque diminui as funções vitais e reduz a capacidade de raciocínio. Todavia, o consumo é feito precisamente pelo efeito inverso, ou seja, pelo seu efeito estimulante.

No entanto, quando tomado em excesso e de forma rápida, os seus efeitos depressores manifestam-se, com um nível elevado de toxicidade conducente a situações de overdose, perda de consciência, coma ou até a morte.

O álcool é absorvido pela corrente sanguínea, nas paredes do estômago e do intestino delgado, em pouco tempo chega ao cérebro e reduz a ação das células nervosas. O fígado não tem capacidade de metabolizar todo o álcool ingerido e a partir de um determinado nível, o sistema respiratório pode entrar em quebra, privando o cérebro de oxigénio, causando sérias lesões, coma ou morte.

São estes os riscos que os adolescentes correm, quando entram em padrões de consumo binge drinking!

Quais as consequências do consumo de álcool em adolescentes?

Os adolescentes ainda estão em desenvolvimento, físico e mental, portanto beber durante este período de desenvolvimento pode ter graves consequências, principalmente em termos cerebrais.

Os efeitos do consumo de álcool dependem muito da quantidade ingerida, mas pode surgir fala arrastada, sonolência, vómitos, dores de cabeça, visão e audição distorcidas, percepção e coordenação motora distorcidas, dificuldades respiratórias, diminuição da capacidade de julgamento, inconsciência, lapsos de memória, coma.

Se este consumo for excessivo e continuo, podem surgir sequelas cerebrais, amnésia, problemas na coordenação motora, lesões decorrentes de acidentes de viação, situações de afogamento, quedas, agressões, problemas familiares e relacionais.

O que é preciso fazer?

Este comportamento de consumo de álcool e, principalmente, este novo padrão de consumo binge drinking, ocorre de uma forma muito suportada por factores ambientais, sociais e culturais.

Convém, por isso, realizar uma atuação conjunta nestes três eixos: em termos ambientais, atender à influência que a popularidade dos locais de diversão noturna tem no consumo de álcool; em termos sociais, implicar mais a sociedade em geral na prevenção de consumo e culturalmente, informar os adolescentes e fazê-los pensar de forma critica sobre este tema.

Obrigado pelo vosso interesse e espero ver-vos em breve na nossa clínica em Lisboa.

Dr. Sérgio Filipe Pereira – Psicólogo em Lisboa
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Psicólogo, Terapeuta da Fala e Terapeuta Ocupacional
Psicóloga na Clínica do Itad em Lisboa
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