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Onicofagia: Sofrimento ou Estética?

Mais do que uma questão estética, a Onicofagia é uma perturbação do comportamento motor, caracterizada pelo comportamento compulsivo, repetitivo e irracional de morder ou roer as unhas das mãos ou pés durante períodos de nervosismo, ansiedade, stress, emoções negativas, fome ou tédio, podendo ser sinal de desordens mentais ou emocionais.

Onicofagia: Sofrimento ou Estética?

 

Mais do que uma questão estética, a Onicofagia é uma perturbação do comportamento motor, caracterizada pelo comportamento compulsivo, repetitivo e irracional de morder ou roer as unhas das mãos ou pés durante períodos de nervosismo, ansiedade, stress, emoções negativas, fome ou tédio, podendo ser sinal de desordens mentais ou emocionais. O ato é automático, principalmente quando a pessoa está envolvida em atividades muito imersivas, podendo também ser por imitação que as crianças fazem dos comportamentos dos adultos.

As crianças começam a roer as unhas por volta dos 4/5 anos de idade, tendendo este comportamento a desaparecer por volta dos 16 anos. A compulsividade do ato pode levar a que a criança roa também as peles e cutículas, podendo levar a lesões. Sabe-se que cerca de metade dos alunos em idade escolar apresentam o distúrbio.

O comportamento pode surgir quando a criança se encontra confrontada com exigências da vida familiar e/ou escolar com as quais não tem estrutura psicomotora para lidar adequadamente, utilizando o ato de roer as unhas como estratégia para lidar com a ansiedade associada. Assim sendo, a onicofagia surge como um sintoma reativo para compensar a instabilidade e tentar resolver os problemas que lhe são colocados.

A dor pode estar associada ao comportamento de roer as unhas, devido às feridas e lesões que podem resultar de roer peles e cutículas. Esta dor pode, por vezes, ser estimulante para a manutenção do comportamento, uma vez que, estando ansiosa, ao começar a roer as unhas, facilmente se distrai da fonte de ansiedade, gerando uma sensação de alívio e de prazer através da estimulação do tato e do paladar.

Afetando a qualidade de vida da criança, traz muitas vezes frustração, por não se conseguir parar o comportamento, podendo a criança sentir vergonha e medo associado à má aceitação deste hábito pela sociedade.

A onicofagia pode, também, potenciar problemas de saúde resultantes do transporte de germes, bactérias e fungos; problemas respiratórios; causar lesões no estômago ou intestinos (ao engolir pequenos pedaços de unhas); bem como anomalidades nos dentes.

Critérios de diagnóstico

Não sendo considerada como uma patologia isolada no DSM-V, onde é considerada nos “Transtornos Obsessivos e Transtornos Relacionados”, sabe-se que, tal como noutras perturbações de controlo dos impulsos, existe um progressivo aumento de tensão imediatamente antes do ato ou quando tenta controlar o impulso, bem como sensação de prazer, gratificação ou alívio aquando da realização do mesmo.

Intervenção

Resultando de uma má gestão das emoções, ligada a problemas como a ansiedade, principalmente em crianças, o tratamento deste distúrbio passa pelo recurso a psicoterapia, no sentido de ajudar a descobrir a origem da ansiedade e a lidar com ela, entender a compulsão e enfrentá-la, e identificar a motivação para o tratamento, diminuindo ou eliminando o mesmo.

Deste modo, é importante definir quais as consequências que o comportamento tem para a criança, de forma a motivá-la a abandonar o hábito. Podem também ser úteis exercícios de relaxamento, com o objetivo de diminuir a ansiedade e o mal-estar associado.

Quando não se consegue encontrar a fonte do stress ou ansiedade, é importante haver um trabalho focado na auto-estima e auto-confiança da criança.

A Terapia Comportamental, pode trazer benefícios no tratamento desta patologia. Podem ser utilizadas técnicas como:

ᴪ Treino de reversão do hábito ou Técnicas de alteração de comportamento – com o objetivo de ajudar a criança a se desabituar do hábito de roer as unhas e, possivelmente, substituí-lo por outro mais construtivo;
ᴪ Técnicas de controlo do estímulo – identificando e eliminando os estímulos que, frequentemente, levam à vontade de roer as unhas (utilizar as unhas rentes e redondas, verniz colorido, colocação de pensos com desenhos nos dedos, etc);
ᴪ Técnicas aversivas – através de métodos que levam a um desconforto aquando do comportamento compulsivo (por exemplo, recurso a vernizes com sabor desagradável, que funcionam bem com as crianças) ou pedindo a familiares ou amigos que avisem quando a crianças está a repetir o ato.

Em casos mais graves, o tratamento medicamentoso também pode ser indicado, através do uso de anti-depressivos ou anti-psicóticos (em pequenas doses); e recorrendo ao uso de vitamina B que reduz a vontade de roer as unhas devido ao aumento de serotonina a nível cerebral.

Qualquer estratégia interventiva, tem sempre que ser utilizada com o consentimento e cooperação da criança, juntamente com suporte emocional e encorajamento por parte de adultos e figuras significativas.

Obrigado pelo vosso interesse e espero ver-vos em breve na nossa clínica em Lisboa.

Dr. Sérgio Filipe Pereira – Psicólogo em Lisboa
Clínica de psicologia ITAD
Psicólogo, Terapeuta da Fala e Terapeuta Ocupacional
Psicóloga na Clínica do Itad em Lisboa
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