Perturbação Articulatória
Perturbação Articulatória ou também denominada perturbação Fonética é a dificuldade em produzir um ou mais sons da fala em todos os contextos, isto é, os erros ocorrem sempre de igual modo, sendo possível prevê-los.
Perturbação Articulatória
Esta perturbação ocorre devido a uma dificuldade na realização dos movimentos pela língua, lábios, palato (céu da boca) ou bochechas, denominando-se este conjunto de estruturas por órgãos articuladores.
As Perturbações Articulatórias podem caraterizar-se por:
– substituição de um som por outro (por ex. “paiaço” em vez de “palhaço”);
– omissão de um som (por ex. “ato” em vez de “gato”)
– ou pela distorção de um som (por ex. “chopa” em vez de “sopa”), podendo mesmo nestes casos serem produzidos sons que não existem na nossa língua materna.
Frequentemente, esta dificuldade pode dever-se a uma alteração anatómica, por exemplo freio lingual curto, má oclusão dentária, fenda do palato, hipotonia dos órgãos articuladores, ou pode até mesmo ser provocada por hábitos orais nocivos (chuchar no dedo, uso prolongado da chupeta, uso prolongado de biberão, etc). No entanto, a perturbação articulatória também pode ocorrer em utentes sem qualquer alteração estrutural nos órgãos articuladores.
Quando existem problemas da fala, tais como Perturbações Articulatórias, podemos estar perante situações em que o discurso é pouco claro ou em certos casos até mesmo ininteligível. Podem surgir associadas situações de inibição da comunicação, frustração, socialização e baixa autoestima. Nestas situações, os pais/ educadores devem solicitar uma avaliação em Terapia da Fala de forma a, caso seja necessário, existir uma intervenção o mais precoce possível de modo a minimizar repercussões no desenvolvimento da criança.
A avaliação de um caso de Perturbação Articulatória deve iniciar-se numa anamnese completa (recolha de informações sobre o desenvolvimento), seguir-se da aplicação de alguns testes (por ex. teste de articulação, teste de discriminação auditiva, etc) e por fim deve ser realizada uma observação atenta das estruturas orofaciais e da sua mobilidade e funcionamento. Só após esta avaliação detalhada é possível estabelecer um diagnóstico de Perturbação Articulatória, o qual se distingue de outras patologias da fala semelhantes em que podem ocorrer erros idênticos.
Nos casos em que estamos perante um caso de Perturbação Articulatória, o Terapeuta da Fala incidirá a sua intervenção no ensino de um som alvo de cada vez e na coordenação entre a programação cerebral e a produção desse mesmo som.
De forma a otimizar a intervenção do Terapeuta da Fala, é imprescindível a colaboração de todos os intervenientes neste processo (pais, professores, educadores, etc). Assim, em casos de Perturbação Articulatória recomenda-se a utilização das seguintes estratégias por parte dos intervenientes:
– Dar tempo à criança para falar e se expressar adequadamente;
– Não antecipar nem interromper a criança;
– Não imitar os erros de fala da criança;
– Não corrigir a criança dizendo “não se diz assim”;
– Aquando de produções incorretas da criança, reformular o que esta pretendia dizer, dando um modelo correto;
– Incentivar a criança a expressar-se oralmente;
– Falar ao nível da criança de forma a que esta possa ver com atenção a forma como fala e articula as palavras;
– Valorizar as evoluções da criança;
– Fazer atividades com a criança que estimulem o desenvolvimento da oralidade (ler um livro, brincar, fazer um jogo);
– Ajudar a extinguir hábitos orais nocivos (uso de chupeta ou biberão, chuchar o dedo, roer as unhas) caso existam.
Dra. Andreia Marques
Clínica de psicologia e de Terapia da Fala – ITAD
Terapeuta da Fala na Clínica do Itad em Lisboa
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