Depressão Infantil
A Depressão Infantil tem, ao longo dos anos, despertado o interesse de vários autores, que têm procurado definir as suas causas, sintomas e formas de intervenção. Contudo, e apesar de há mais de um século haver referência a estudos sobre o tema.
Depressão Infantil
Só recentemente (1960/70) se deram passos significativos no domínio da sua definição conceptual, nomeadamente quando em meados dos anos 60 o conceito de depressão mascarada sugere que as crianças experienciam a depressão mas que esta pode se apresentar camuflada por comportamentos impulsivos e quando em finais dos anos 70, autores chegaram à conclusão que as crianças podiam experienciar as mesmas perturbações depressivas que os adultos.
A Depressão Infantil tem o “poder” de influenciar negativamente a vida de milhares de crianças, no entanto, pelo facto dos comportamentos apresentados pelas crianças depressivas não serem disruptivos, os sintomas podem permanecer invisíveis durante anos. Uma criança com depressão pode estar sossegada durante uma aula inteira, brincar com os colegas durante o intervalo e ver televisão durante horas. Esta é uma das principais preocupações quando lidamos com crianças depressivas: elas podem não ter a atenção devida perante aquilo que estão a viver, por parte de quem as rodeia.
A depressão infantil pode ser demonstrada de várias formas segundo a criança ou adolescente. Contudo, dos sinais mais evidentes é a falta de energia que apresenta nas tarefas diárias, em casa, escola ou na rua. As poucas atividades que realiza são de envolvimento de pouco esforço e de fácil desistência.
Actualmente, os sintomas base da Depressão são os mesmos para crianças, adolescentes e adultos, logo a Depressão Infantil pode ser diagnosticada pelos mesmos critérios que são utilizados para os adultos.
Para que uma criança possa ser diagnosticada com depressão é necessário que esta vivencie um ou mais episódios depressivos major, caracterizados pela presença de cinco ou mais sintomas (humor depressivo ou humor irritável, perda de prazer ou interesse, perda ou aumento de peso significativo, insónia ou hipersónia quase todos os dias, agitação ou lentificação psicomotora, fadiga, sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva, diminuição na capacidade de pensar ou concentrar, pensamentos recorrentes acerca da morte), durante pelo menos quinze dias e que comprometem significativamente o seu funcionamento diário. As crianças com depressão podem ainda apresentar mais comportamentos de raiva, frustração e contestação do que propriamente de tristeza.
• Epidemiologia
A realização de estudos epidemiológicos no campo da Depressão Infantil não é tarefa fácil por vários motivos. Sabe-se, no entanto, que é uma patologia presente na população infantil com muita frequência, que não existem diferenças significativas entre sexo e idade e que se desenvolve paralelamente com o avanço da idade.
O traçar um perfil epidemiológico da Depressão Infantil é ainda difícil pelo facto da criança estar em constante evolução, com comportamentos diversificados, pelo facto dos conceitos psicopatológicos infantis não serem ainda totalmente precisos, como nos adultos, e pela ambiguidade da nosologia psicopatológica infantil, nomeadamente no que diz respeito à pobreza dos critérios de diagnóstico.
• Avaliação e Intervenção
O diagnóstico desta patologia segue essencialmente a linha da psicometria clínica, através de instrumentos de auto e hetero relato. Em termos de auto aplicação os mais utilizados são o CDI – Inventário de Depressão Infantil e o CDRS-R (Children´s Depression Rating Scale – Entrevista semi-estruturada. Ambos permitem recolher informação sobre sintomatologia associada à depressão. Em termos de hetero avaliação, um dos instrumentos mais utilizados é o RAF – Inventário de Recursos no ambiente familiar, que tem em conta questões ambientais que podem funcionar como facilitadoras ou barreiras ao desenvolvimento da patologia.
A intervenção deverá acima de tudo ter em conta a individualidade de cada criança e o facto de que os sintomas depressivos podem variar substancialmente ou mesmo estar camuflados. Assim, deve incidir nas seguintes áreas: medicação (Antidepressivos e inibidores selectivos de recaptação de serotoniana); intervenção psicossocial e intervenção terapêutica com a família.
• Implicações Educacionais da Depressão Infantil
Fruto de várias investigações a nível internacional, sabe-se hoje existir uma relação entre depressão infantil e dificuldades de aprendizagem. E se uma situação pode influenciar a outra, um facto é que acabam por ser ainda realizados diagnósticos errados de dificuldades de aprendizagem em crianças com Depressão Infantil. Facto que se deve à dificuldade em identificar a criança com sintomas de depressão, devido à semelhança com outras patologias e problemas, levando a uma intervenção mais tardia e consequentemente a um impacto prejudicial no seu desenvolvimento.
O Professor enquanto elemento de socialização da criança e pilar do seu desenvolvimento não só académico, mas também humano, deve ter em linha de conta e estar atento a alguns sinais que podem fazer a diferença no diagnóstico da Depressão Infantil, nomeadamente: tristeza (visível através de comportamentos, expressão facial e olhar); mudanças ao nível da produtividade e atividade; diminuição do rendimento escolar; isolamento social; comportamentos agressivos e afirmações de auto-desvalorização.
A intervenção precoce continua a ser a melhor e mais eficaz terapia na Depressão Infantil.
Dr. Sérgio Pereira
Psicologo em Lisboa do ITAD
Clínica de psicologia e terapia da fala ITAD
Psicólogo na Clínica do Itad em Lisboa
Psicologia em Lisboa
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Bom dia,
É possível partilhar dados estatísticos da ocurrência de depressão infantil em Portugal?
Obrigada