Desordens de modulação sensorial
• O que são?
A modulação sensorial caracteriza-se por ser a capacidade de regular e organizar o grau, a intensidade e a natureza das respostas da entrada do estímulo sensorial que chega ao cérebro, de uma forma graduada e adaptativa, tendo em conta as seguintes propriedades dos estímulos: modalidade, intensidade, frequência, duração, complexidade e novidade. Neste processo encontram-se envolvidas estruturas neurológicas como o sistema reticular (envolvido nos reflexos óculo-motores, tónus postural, estádio de consciência, atividade autónoma e comportamento emocional), o cerebelo (grande órgão proprioceptivo), o tálamo (recebe informação e modela a atividade cerebral como um todo) e o sistema nervoso autónomo (responsável pela manutenção da homeostasia).
Este processo requer o registo, orientação e o foque na informação proveniente do exterior, de forma a produzir a resposta apropriada aos estímulos sensoriais, a capacitar a mudança do foco de atenção com as variações na exigência, o processamento de experiências multissensoriais que ocorrem simultaneamente e a obtenção e manutenção do nível de “estimulação” (arousal) apropriado à atividade.
É composto por três fases distintas: o registo sensorial, a orientação e o arousal sendo que o registo sensorial corresponde o conhecimento da informação sensorial (“o que é isto?”), a orientação o que dá significado à informação sensorial (“o que fazer com isto?”) e o arousal corresponde à preparação para responder adequadamente ao ambiente, sendo um mecanismo voluntário e que depende das memórias.
• Caraterização da população
As crianças que apresentam estas desordens podem ser classificadas como hiperresponsivas (ou hipersensitivos), hiporresponsivas (ou hipossensitivos) ou apresentarem procura sensorial, dependendo da forma como processam os diferentes estímulos sensoriais.
Nas crianças hiperresponsivas, o cérebro regista sensações demasiado intensas, o que pode levá-la a reagir de forma irritante, chata, agressiva ou ditrátil, uma vez que está a tentar prestar atenção a todos os estímulos provenientes do ambiente exterior, mesmo que estes não sejam úteis. Por sua vez, a desordem de hiporresponsividade carateriza-se por ser o registo de sensações com menos intensidade do que o normal uma vez que a criança não está a obter a informação suficiente e por isso, precisa de mais estimulação para alcançar o nível normal de arousal. As crianças que apresentam procura sensorial, podem parecer possuir um desejo insaciável de altos níveis sensoriais uma vez que pode precisar de feedback e experiências sensoriais adicionais, para compreender o ambiente que o rodeia e o seu próprio corpo.
• Sintomas
As crianças com desordem de modulação sensorial exibem frequentemente problemas ao nível das aprendizagens, linguagem e interação com objetos e pessoas.
• Avaliação
A avaliação deverá ser realizada por um Terapeuta Ocupacional, preferencialmente com Especialização na área da Integração Sensorial para que possa realizar a avaliação e definir estratégias de intervenção.
O Terapeuta Ocupacional ajuda os pais/cuidadores e as pessoas que lidam diariamente com a criança, a compreender os contributos sensoriais e o impacto que os mesmo possuem ao nível do comportamento e aprendizagens, auxiliando a promoção de relações de sucesso entre a criança e os outros. Realiza também a adaptação do meio de forma a responder às necessidades da criança e providencia uma intervenção directa individual.
• Intervenção
A modulação sensorial pode ser modificada através de intervenção cognitiva, da alteração da estimulação, integração e organização sensorial, e através da influenciação dos neurotransmissores.
A intervenção do Terapeuta Ocupacional é a sequência da avaliação e tratamento sendo que a chave para a intervenção segundo a Teoria da Integração Sensorial consiste na capacidade dos pais/ cuidadores ou outras pessoas presentes no dia-a-dia, lerem, interpretarem e responderem ao comportamento da criança, de forma a irem de encontro às suas necessidades sensoriais. A intervenção começa por ajudá-los a entender o perfil sensorial da criança e de que forma este pode influenciar o comportamento e as aprendizagens, uma vez que poderão existir comportamentos parecidos com algumas atitudes de base emocional ou social. A intervenção envolve também modificações subtis às experiências sensoriais da criança durante as rotinas e as atividades.
Dra. Raquel Gonçalves
Terapeuta Ocupacional do ITAD
Clínica de psicologia e terapia da fala em Lisboa
Rua Professor Fernando da Fonseca nº 8A, 1600-616 Lisboa – Portugal
211 371 412 – 961 429 911
Excelente artigo. Estou a desenvolver um trabalho para uma unidade curricular. Poderia indicar-me mais literatura de referência?
Inês, ficamos contentes por teres gostado do artigo. São publicações produzidas pela nossa equipa. Vamos publicando com alguma frequência. Vai estando atenta a novos artigos que vamos publicando. Atentamente Sérgio Pereira
Gostaria de mais informações a respeito.
Muito bom este artigo. Muito esclarecedor.
Gostaria de saber se vocês aceitam profissionais formados para estágio profissional.
Sou Terapeuta Ocupacional e moro no Brasil.
Apreciada Fernanda, dispomos na nossa equipa alguns técnicos terapeutas ocupacionais, mas não podemos aceitar sem estarem licenciados, obterem a cédula e são técnicos com especialidades especificas.
Gostei do conteudo que bom. Eu estou na Formação dos terapeutas em Moçambique. Na faculadade do Iscisa. Gostaria que me apoiase a entender mais a atuação do TO na Comunidade..
Em que modo lhe podemos ajudar ?
adorei o artigo ,neste momento estamos e aprendizagem sobre o mesmo ,uma vez que o meu filho teve este diagnóstico , no entanto sinto que preciso saber mais como lidar com ele e o preceder. será que me podem indicar algum site oh colocar aqui no blog algumas informações
obrigada .