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Terapia da Fala na Escola

Postado por sergio, em 22 Março 2015 na Blog

A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) afeta cerca de 1/1000 crianças em Portugal, segundo estudo de Oliveira et al (2007). Outros estudos recentes revelam que a sua prevalência é de 1 em cada mil, ocorrendo predominantemente no sexo masculino (3 rapazes para 1 rapariga). As características essenciais do Autismo são a presença de um desenvolvimento acentuadamente anormal ou deficitário da interação e comunicação social e um repertório restritivo de atividades e interesses. Para o diagnóstico de uma perturbação do espectro do autismo são avaliados três domínios: social, linguagem e comunicação, pensamento e comportamento.

Tendo em conta que toda a criança tem direito a um ensino que vá ao encontro das suas necessidades, as crianças com PEA inseridas no contexto escolar necessitam de um apoio personalizado que responda às suas dificuldades de comportamento, interação social e comunicação. Neste sentido, a criação de Unidades de Ensino Estruturado (UEE) para alunos com perturbação do espectro do autismo – através da utilização da metodologia TEACCH, veio ajudar a colmatar muitas das dificuldades dos alunos com PEA, juntamente com a contratação de técnicos de diferentes áreas para prestarem apoio personalizado a estes alunos num contexto não apenas clínico, mas educacional, cooperando com uma equipa multidisciplinar. A Unidade de Ensino Estruturado é dirigida para a educação de alunos com perturbação do espetro do autismo, constituindo uma resposta educativa especializada desenvolvida em escolas/ agrupamentos de escola que concentrem grupos de alunos que manifestem perturbações enquadráveis nesta problemática.

A adequação da metodologia TEACCH, utilizada em contexto de UEE, conjugada com estratégicas metodológicas da TF, nomeadamente a observação direta e a aplicação de testes, permite um acompanhamento ao longo do ano letivo, visando, por um lado, objetivos relacionados com competências de comunicação, linguagem e interação social e com a promoção da autonomia, e por outro, a avaliação final para medir o grau de concretização destes objetivos.

Desta forma, a adaptação da metodologia TEACCH, integrada com estratégicas metodológicas da TF, ambas utilizadas em contexto de UEE, permitem o desenvolvimento de diferentes competências nas áreas da comunicação e interação social.

Apesar de os alunos que integram UEE apresentarem o mesmo diagnóstico (PEA), manifestam caraterísticas psicossociais diferentes, bem como diferentes graus de desenvolvimentos linguístico e relacional, sendo possível comprovar a eficácia da metodologia TEACCH, como uma ferramenta funcional para melhorar o desempenho, o comportamento adaptativo e desenvolver autonomia das crianças com PEA, num quadro de terapia da fala, no que respeita a maximizar comportamentos linguísticos adequados, estabelecer relações interpessoais mais concordantes com pares e adultos, e desenvolver competências comunicacionais funcionais que futuramente permitam autonomia na relação com o outro.

Verifica-se que alunos que frequentam UEE e que a beneficiam de apoio regular de terapia da fala, apresentam progressos, mesmo que ténues, no seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, o apoio sistemático permite a manutenção de competências, que se não forem trabalhadas persistentemente perdem-se, tendo em conta as características cognitivas de crianças com PEA.

Outro aspeto a enfatizar é o trabalho dos restantes recursos humanos, como professores de educação especial e assistentes operacionais, que fazem parte da equipa multidisciplinar e que desempenham funções indispensáveis no desenvolvimento global das crianças, e sem os quais não seria possível desenvolver um trabalho integrado.

Algumas estratégias utilizadas no trabalho da Terapia da Fala na Escola
• Treino da atenção partilhada permite posteriormente partilhar emoções com o outro, bem como ser capaz de chamar a sua atenção (Silva & De Vitto, 2007).
• Treino da comunicação verbal através da utilização objetos, imagens, jogos ou softwares educativos que estimulam não só a linguagem verbal, mas promovem igualmente a intencionalidade comunicativa, a atenção partilhada e discurso espontâneo.
• Utilização de estímulos sensoriais que visam promover o interesse da criança através de diferentes informações sensoriais, estimulando habilidades comunicativas e linguísticas.
• Treino de competências verbais e das habilidades de comunicação funcional através de atividades práticas como recados compras no bar, etc., privilegiando os contextos sociais naturais que estimulam a intenção e iniciativas comunicativas
• Análise da tarefa, uma vez que é frequente em alunos com PEA o foco nos detalhes em detrimento de um todo, sendo, por isso, necessário proceder a uma análise passo-a-passo, o que facilita posteriormente a sua execução (Bosa, 2001).
• Uso de recursos visuais (imagens) apelativos que promovam a interação entre o pensamento e a linguagem e ampliem as capacidades de compreensão do mundo que o rodeia.
• Treino da compreensão não-verbal, através de: compreensão de situações sociais, mensagens corporais, “visualização” dos traços não-verbais, histórias sociais e sequências com humor.

Adaptado da Tese “A Terapia da Fala na Escola: Competências de Comunicação e Promoção da Autonomia de Alunos com Perturbação do Espectro do Autismo”
Susana Agostinho
Coimbra, 2013

Dra. Susana Agostinho
Terapia da Fala no ITAD em Lisboa
Psicologa em Lisboa do ITAD
Clínica de psicologia e terapia da fala ITAD
Terapeuta da Fala e Psicólogo na Clínica do Itad em Lisboa
Rua Professor Fernando da Fonseca nº 8A, 1600-616 Lisboa – Portugal
211 371 412 – 961 429 911

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