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Mutismo Seletivo

O Mutismo Seletivo foi descrito pelo médico alemão Kussmaul em 1877, que referiu pacientes que não falavam em algumas situações, embora o pudessem fazer, denominando o problema de “afasia voluntária”.

Mutismo Seletivo

Identificação da Patologia

Em 1934, Tramet introduziu a designação mutismo eletivo para descrever um quadro de incapacidade em falar em situações em que seria esperado que o fizesse.
Carbone, Schmidt, Cunningham, McHolm, St Pierre & Boyle (2010) também encontraram provas de que o mutismo seletivo é uma desordem de ansiedade mas com défices específicos ao nível da funcionalidade social (Ribeiro, 2012).

Inicialmente, o mutismo seletivo foi muito associado a traumas emocionais (como por exemplo situações de abuso sexual ou morte de alguém próximo). Algumas investigações foram alterando esta visão, encarando o mutismo seletivo como o resultado psicopatológico de vários factores, nomeadamente genéticos, desenvolvimentais, individuais e ambientais.

Características do Mutismo Seletivo
Esta perturbação, por norma, está muito relacionada com a presença de ansiedade social. Geralmente, uma grande timidez, retraimento social, isolamento e até traços compulsivos associam-se a esta patologia. Na prática, estas crianças não começam nem participam em conversas, não falam na escola, não falam com amigos e, muitas vezes, não falam também com pessoas da família. Nos casos mais graves, estas crianças dialogam apenas com familiares diretos, como os pais.

Como não falam na escola, o seu desempenho académico é grandemente prejudicado, uma vez que a sua participação é praticamente nula. Da mesma forma, o funcionamento social também fica altamente comprometido, porque não existe qualquer tentativa de interação social com o grupo de pares ou com outros adultos.

Os quadros ansiosos, nestas crianças, estão muitíssimo presentes, ao ponto de se poder equacionar a presença de fobia social ou de se considerar o mutismo seletivo como um subtipo da fobia social.
O início desta perturbação pode acontecer antes dos cinco anos de idade, mas só ser diagnosticada muito mais tarde, na entrada para a escola, por exemplo, quando a falta de comunicação e de interação se tornam demasiado evidentes e prejudiciais. Não existe muita informação sobre o decurso desta patologia, podendo remitir com a idade ou evoluir para outra perturbação.

Importa compreender que o silêncio destas crianças não é uma afronta aos adultos, não é contestação da sua autoridade, não é recusa em falar apenas por birra ou por teimosia, é um comportamento altamente disfuncional, na tentativa de combater uma ansiedade sentida como paralisante, ao ponto de evitar o contacto social (Ribeiro, 2012).

Prevalência do mutismo seletivo
O mutismo seletivo é um transtorno relativamente raro. Prevalências pontuais usando várias amostras em clínicas ou escolas variam entre 0,03 e 1%, dependendo do contexto, da idade dos indivíduos na amostra, não parecendo variar por sexo ou raça/etnia, mas tendo maior frequência em crianças menores do que em adolescentes e adultos.

O DSM-5 tem os seguintes critérios para diagnosticar o mutismo seletivo:
A. Fracasso persistente para falar em situações sociais específicas nas quais existe a expectativa para tal (por exemplo na escola), apesar de falar em outras situações.
B. A perturbação interfere na realização educacional ou profissional ou na comunicação social.
C. A duração mínima da perturbação é um mês (não limitada ao primeiro mês de escola).
D. O fracasso para falar não se deve a um desconhecimento ou desconforto com o idioma exigido pela situação social.
E. A perturbação não é mais bem explicada por um transtorno da comunicação (por exemplo, transtorno da fluência com início na infância) nem ocorre exclusivamente durante o curso de transtorno do espectro autista, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico.

Intervenção
Para esta patologia têm sido desenvolvidas algumas terapias, embora seja importante sublinhar que se torna importante estimular formas alternativas de comunicação e que se oferece à criança a possibilidade de não falar e que, caso queira falar, pode levar o tempo que precisar.
Enumeram-se, em seguida, as várias possibilidades de terapias utilizadas na intervenção com crianças, que apresentam mutismo seletivo:
• Comportamental – mudança de factores ambientais e treino de comportamentos mais adequados;
• Ludoterapia – ênfase na relação terapêutica e no desenvolvimento;
• Psicodinâmica – identificação e resolução de conflitos inconscientes, causadores do mutismo;
• Família – ênfase no tipo de comunicação e de interação existentes, dentro da família e em conjunto com a criança, que apresenta mutismo;
• Psicofarmacologia – medicação para reduzir a ansiedade e, consequentemente, aumentar possibilidade das interações sociais aumentarem.

Ainda assim, esta patologia não é nada fácil de ser trabalhada ou resolvida pelo próprios membros da família, como o pai ou mãe. Isto porque muitas vezes são os seus comportamentos que mantêm o problema. Raramente estão implicados no aparecimento da problemática, mas têm responsabilidade na manutenção da problemática.

Por isso, se tem dúvidas quanto esta questão ou não consegue lidar com o problema, peça ajuda na nossa clínica de psicologia em Lisboa, Instituto de Apoio e Desenvolvimento – ITAD atreves do telefone 211 371 412 – 961 429 911.

Dr. Sérgio Pereira
Psicólogo na Clínica do Itad em Lisboa
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